Crise em Portugal
24 de novembro de 2011Portugal enfrenta nesta quinta-feira (24/11) uma greve geral, convocada pelas centrais sindicais CGTP e UGT em todo o país. Organizado principalmente por servidores públicos, o protesto é contra o plano de austeridade que o governo quer colocar em prática e que inclui aumento de impostos, corte de férias e bônus salarial pago no fim do ano.
A paralisação foi planejada para durar 24 horas e deve afetar severamente os serviços de transporte público. Desde a noite desta quarta-feira algumas linhas de ônibus deixaram de circular. Estima-se que um milhão de pessoas que viajam diariamente até o trabalho sofram o impacto da ausência de transporte regular. O metrô de Lisboa, por exemplo, deve ficar fechado ao longo do dia.
Mais de 470 voos internacionais podem ser cancelados, muitos deles para o Brasil – a companhia aérea TAP disponibilizou uma hot line para tirar dúvidas de passageiros. A fábrica da Volkswagen instalada perto de Lisboa, que responde por 10% das exportações do país, deve ficar fechada nesta quinta-feira devido a problemas de entrega.
Segundo autoridades portuguesas, a greve vai atingir também escolas, hospitais, entrega de correspondências, coleta de lixo e até serviços diplomáticos e consulares. A agência de notícias Lusa informou que seus serviços podem sofrer atrasos, limitações e eventuais interrupções devido à greve geral.
"Nós temos que nos posicionar a favor dos interesses do país, dos trabalhadores e dos cidadãos, e tomar conta do nosso futuro e do nosso desenvolvimento, e não a favor dos interesses dos especuladores e agiotas", foi o argumento usado pela CGTP a favor do movimento.
Economia abalada
Para socorrer a economia da pior crise econômica das últimas décadas, o governo português precisou recorrer a empréstimos da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, a chamada troika. O pacote de ajuda externa foi anunciado em maio, no valor de 78 bilhões em três anos.
Portugal foi o terceiro país da zona do euro a precisar de auxílio, depois de Grécia e Irlanda. As medidas adotadas pelo comando português para cortar o orçamento afetaram principalmente as empresas públicas, e não agradaram os servidores. Estão previstos ainda cortes nas áreas da saúde, serviço público de televisão e uma reforma que aumentará em meia hora o tempo de trabalho.
"É meu dever mobilizar os portugueses para agirem e contribuírem com a transformação de Portugal", disse o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que assumiu o governo em junho, sobre sua tarefa de cortar gastos. Portugal prometeu que o deficit público cairia de 10% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para 5,9% até o fim do ano. Para 2012, a meta é 4,5%.
Segundo estimativas, a economia do país deve encolher 3% no próximo ano. Trabalhadores de empresas públicas temem o aumento do desemprego, que já chegou a 12,4%, maior índice desde a década de 1980.
NP/rts/lusa/dapd/ap
Revisão: Alexandre Schossler