Do autor de 'Juca e Chico'
18 de junho de 2008
A história ilustrada desconhecida até então é típica de Wilhelm Busch: o menino faz exatamente tudo o que os seus pais proíbem. Mal a mãe sai da cozinha, ele sobe numa cadeira, experimenta a massa de bolo e acaba caindo dentro do enorme pote. Depois é resgatado pelos pais de dentro da massa, limpo pela mãe com uma vassoura – enquando o pai já vai buscar uma vara no armário para puni-lo.
O esboço da história intitulada "A Massa de Bolo", desenhada há 145 anos, foram encontrados no arquivo histórico de imprensa de Sulzbach-Rosenberg, na Baviera. Os especialistas do Museu Wilhelm Busch, em Hannover, mal podem acreditar no achado. A história parecer ser uma versão original da "sexta travessura" do clássico Juca e Chico (Max und Moritz). No geral, Wilhelm Busch (1832-1908) costumava destruir todos os esboços de suas histórias ilustradas.
Versão preliminar de Juca e Chico
No início do ano, o diretor do arquivo municipal de Sulzbach-Rosenberg, Johannes Hartmann, encontrou os desenhos dentro de uma pasta de documentos históricos da Gráfica Seidel, de Sulzbach. "O envelope com a história estava totalmente solto em uma caixa de papelão, sem qualquer menção a Busch", lembra o descobridor.
Ao que tudo indica, Busch ofereceu os desenhos para publicação em 1863, sem qualquer encomenda concreta. Mas a Seidel, que fazia calendários na época, nunca a imprimiu, não se sabe por quê.
Há quem pense que o autor e a editora não tenham chegado a um acordo sobre o pagamento ou talvez sobre o teor das histórias. Não era muito comum se mostrarem crianças rebeldes na época. Seja como for, Busch voltaria a esse motivo em seu famoso clássico Juca e Chico. Normalmente o artista exigia que a editora lhe devolvesse os originais, produzia as gravuras e jogava fora os desenhos.
Sorte literária de uma pequena cidade bávara
O recente achado, uma raridade, poderá ser visto de 21 de junho a 9 de novembro, numa exposição do Museu Municipal de Sulzbach-Rosenberg. A história inédita será impressa pela primeira vez no catálogo da mostra.
À primeira vista, o achado foi interpretado como uma antiga cópia anônima de algum desenho de Busch. No entanto, a análise dos dez esboços em pequeno formato não deixou dúvidas de que se trata de uma história até então desconhecida do escritor e desenhista falecido há cem anos.
O traçado, o enredo, a mímica dos personagens e o topete inconfundível do menino, parecido com o de Chico, são típicos do artista. O papel também coincide com o tipo predileto de Busch, assim como o uso do grafite HB.
Com os desenhos recém-achados, a localidade de Sulzbach-Rosenberg presta uma nova contribuição à história da literatura. Afinal, desde 1977, a cidade de pouco mais de 20 mil habitantes tem um importante arquivo de literatura. Na época, o renomado crítico Walter Höllerer doou sua coleção de documentos à sua cidade de origem.