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Críticas à venda de armas

(as)19 de dezembro de 2006

Relatório de organização ecumênica cristã acusa governo alemão de desrespeitar código de conduta da União Européia e vender armamentos para países envolvidos em conflitos armados.

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Alemanha é um dos principais produtores e exportadores de armas do mundoFoto: dpa

As igrejas católica e evangélica acusaram o governo federal alemão de desrespeitar o código de conduta da União Européia (UE) para exportações de armas e fornecer armamento para regiões em crise, incluindo o Oriente Médio. Além disso, a Alemanha estaria exercendo uma política armamentista expansiva, contrária ao seu discurso oficial.

As acusações foram feitas pela organização ecumênica Conferência Unificada Igreja e Desenvolvimento (GKKE, na sigla em alemão). De acordo com relatório da GKKE divulgado esta semana, as exportações alemãs de armas de guerra aumentaram mais de 40% no ano passado na comparação com 2004, atingindo o volume de 1,6 bilhão de euros.

"A GKKE verificou que o tradicional princípio de não fornecer armas alemãs para regiões em conflito está em desuso", afirma o relatório divulgado pelos presidentes evangélico e católico da organização, Stephan Reimers e Karl Jüsten.

Desrespeito ao código

Segundo eles, apesar de a Alemanha ter assinado o código de conduta da UE, foram verificados 46 casos de aprovação de exportações de armamento sem que critérios essenciais do código, como o respeito aos direitos humanos e a ausência de conflitos armados locais, fossem considerados.

Um relatório divulgado pelo governo alemão no final de setembro aponta a Alemanha como um dos maiores exportadores de armas do mundo. Segundo o documento, no ano passado foram aprovadas vendas no valor de 4,22 bilhões de euros, o que representou um aumento de 10% em relação a 2004. "O governo federal avaliou esses números como expressão de uma política restritiva da exportação de armas. Essa é uma avaliação que eu só posso contestar", afirmou Reimers.

Ein israelischer Delphin
Submarino alemão vendido à marinha israelenseFoto: dpa

O fornecimento de armas para Israel e Estados vizinhos também é visto como problemático pela GKKE, pois coloca em risco o processo de paz no Oriente Médio. A atual situação foi avaliada como contraditória, já que a Alemanha exporta armas para a região e, ao mesmo tempo, os alemães são solicitados a fazer doações para atenuar as perdas causadas pela guerra.

A GKKE criticou ainda as exportações de armas de guerra para países que, ao mesmo tempo, recebem ajuda de organizações alemãs de ajuda ao desenvolvimento. De acordo com Reimers, exportações de armas no valor de 1,6 bilhão de dólares tiveram como destino países que recebem ajuda financeira com base em critérios da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Outro lado

O Ministério alemão da Economia classificou o relatório como incorreto. O porta-voz do ministério, Steffen Moritz, afirmou que no ano passado foram feitas exportações isoladas de alto valor que inflaram os números. Segundo ele, só a África do Sul comprou um submarino no valor de 614 milhões de euros.

"A Alemanha possui um dos regimes de autorização de exportação de armas mais restritivos do mundo", afirmou. Ele disse que critérios como a existência de conflitos regionais são levados em consideração para a aprovação da venda de armas.

Já um porta-voz do Ministério da Cooperação Econômica também afirmou que o governo alemão possui uma política restritiva de exportação de armas para países em desenvolvimento. Segundo ele, não são fornecidas armas para os países mais pobres.