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''Não são armas que matam, mas sim homens"

Alexej Knelz (sm)27 de junho de 2006

Os fuzis kalachnicov são conhecidos mundialmente como armas assassinas. Isso é o que indica um estudo da Amnesty International e da Oxfam. Mikhail Kalachnicov, inventor do AK-47, se pronuncia sobre estas acusações.

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A kalachnicov é a arma pequena mais propagada em todo o mundoFoto: AP

Os conflitos armados nas regiões em crise de todo o mundo e nos países em desenvolvimento matam meio milhão de pessoas por ano. No entanto, a maioria não é morta por mísseis ou helicópteros de combate, mas sim com armas de fogo de origem ilegal. Este problema está sendo discutido agora na Conferência da ONU sobre armas pequenas, em Nova York.

Por ocasião desta conferência, a Amnesty International, a Oxfam e outras organizações de direitos humanos apresentaram uma petição às Nações Unidas. A denúncia se direciona contra uma arma pequena em especial: o fuzil kalachnicov.

Instrumento assassino é líder de exportação

O líder de exportação russo é robusto, barato, amplamente propagado e fácil de se providenciar no mercado negro. A AI calcula que uma quantidade de 50 a 100 milhões de kalachnicovs estejam em circulação por todo o mundo. Caso as Nações Unidas não reajam contra esta situação, esta arma promete de tornar o "instrumento assassino predileto" de todo o mundo nos próximos 20 anos.

As armas AK (avtomat kalachnicova) podem ser facilmente providenciadas, porque muitos países do antigo bloco socialista e a China continuam a produzi-las sem licença. Isso garante preços baixos e um mercado abrangente.

O inventor deste fuzil, Mikhail Kalachnicov, conversou com a DW-WORLD sobre o assunto:

DW-WORLD: Por que a Amnesty International apontou a kalachnicov como a raiz de todo o mal?

Michail Kalaschnikow mit Kalaschnikow
Mikhail Kalachnicov com sua invençãoFoto: AP

Mikhail Kalachnicov: Provavelmente isso se deve à ampla propagação dos AKs. No meu comunicado à AI e à Oxfam, sugeri que – em vez de se restringirem a produção e distribuição das kalachnicovs – se crie um acordo internacional que possa controlar o comércio ilegal de armas pequenas.

Como serão as armas de amanhã? Dá para acreditar nos filmes de ficção científica?

As armas do futuro dependem primordialmente das características da munição. Contudo, não estamos ocupados com seu desenvolvimento e, menos ainda, com o desenvolvimento de armas eletrônicas.

O que o senhor acha das "armas não mortais", ou seja, armas que neutralizam a força do inimigo, sem matá-lo? Seria possível usar este tipo de arma no futuro? Ou será que o senhor já está trabalhando neste sentido?

Estas armas já são produzidas e vendidas à população civil para proteção individual. Se elas realmente tiverem o potencial de proteger os cidadãos e seu patrimônio de assaltantes e ladrões, seria ótimo. Por outro lado, os bandidos também poderiam usar essas armas... Eu, pelo menos, não estou trabalhando no desenvolvimento de armas não mortais.

Só para a proteção da pátria

A idéia de um acordo internacional tem o inteiro apoio de Mikhail Kalachnikov: "Assim seria possível impor um pouco de ordem", afirma o inventor em seu comunicado à AI.

Ele afirma ter desenvolvido esta arma apenas para a proteção de sua pátria. "O lugar de um fuzil é o quartel, trancado a sete chaves", ressaltou Kalachnicov. Ele expressou sua tristeza com o fato de sua arma ter custado a vida de tantas pessoas". Sua mais conhecida frase diz que "não são as armas que matam, mas sim os homens".