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Indústria açucareira alemã quer investir no Brasil

gh/rw15 de abril de 2005

A indústria açucareira alemã confirmou planos de investir no Brasil. Combustível com base no açucar é visto como alternativa para Alemanha.

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Colheita da beterraba de açúcar, matéria-prima do produto na AlemanhaFoto: südzucker

"O Brasil é líder mundial em processamento de açúcar e tem o maior potencial para expansão nesse setor", disse o porta-voz do grupo Südzucker, Rainer Düll, ao jornal econômico Handelsblatt, nesta sexta-feira(15/04). Ele confirmou rumores veiculados na imprensa brasileira de que a empresa já procura, há um ano, possibilidades de uma joint venture, participação ou compra de uma empresa brasileira nesse setor.

A Südzucker, segundo maior grupo açucareiro do mundo, já obtém dois terços de seu faturamento fora da Alemanha. O ingresso no mercado brasileiro é mais complicado do que parece. "A indústria do açúcar do Brasil não depende de tecnologia e nem de capital estrangeiros", disse Düll.

Segundo informações do jornal Valor Econômico, a Nordzucker, outro grupo alemão, negocia uma cooperação com a Copersucar, que teve um faturamento de 1,7 bilhão de dólares em 2004. Até agora, só duas empresas francesas – Louis Dreyfus e Tereos – conseguiram entrar no mercado brasileiro do açúcar. A Tereos possui seis refinarias, com capacidade para processar 12 milhões de toneladas de cana por ano, e já produz mais álcool no Brasil do que na Europa.

Zucker
Foto: südzucker

O mercado mundial do açúcar está se movimentando diante da perspectiva de que a União Européia reduza seus subsídios para este setor. Os usineiros brasileiros não esperam uma abertura total do mercado europeu, mas estão de olho em países hoje abastecidos pelo açúcar subvencionado da UE.

O Brasil é um mercado atraente por causa dos baixos custos de produção. Já agora, uma tonelada de açúcar produzida no Brasil custa 160 dólares ao dia, ao passo que na Europa a tonelada custa 700 dólares. As destilarias brasileiras produzem álcool a 20 cents o litro, enquanto na Europa ele custa três vezes mais.

No país do automóvel, o setor açucareiro vê grande potencial no etanol como substituto do combustível. O Brasil vai exportar em 2005 2,5 bilhões de litros de álcool para os Estados Unidos. A Alemanha e outros países que ratificaram o protocolo ambiental de Kyoto estão em busca de combustíveis alternativos.

Zapfsäule
Foto: AP

No caso alemão, já existe o biodiesel. "É difícil dizer se o álcool conseguirá se impor nesta área", escreve o Handelsblatt. Peritos ingleses calculam que até 2010 o mercado mundial consumirá 57 bilhões de litros de álcool como combustível, o que corresponde ao dobro do consumo atual.

A expectativa de enorme crescimento do setor nos próximos anos contagia os investidores. Os produtores pretendem investir entre três e seis bilhões de dólares em engenhos e destilarias nos próximos cinco anos. O jornal alemão salienta ainda que apenas 2% da área plantável no Brasil são usados para plantar cana-de-açúcar. Até 2010, a produção brasileira poderia dobrar, prognostica, acrescentando que os produtores já vêem o Brasil como uma segunda Arábia Saudita.