Investimentos
2 de junho de 2010Para investir no Brasil, é imprescindível instalar representações locais no país, pois o contato pessoal é muito importante, aconselhou Adilson Primo, presidente da Siemens no Brasil, no Encontro Econômico Brasil-Alemanha, encerrado nesta terça-feira (01/06), em Munique.
Também Christoph Schmitt, diretor da Associação Empresarial para a América Latina, aconselha os empresários alemães que querem investir no Brasil a "conhecer as pessoas e ter muita paciência".
Já um fator que afasta os investidores do país são as altas taxas de juros para quem depende de empréstimos nacionais. Cristiano Zen, da empresa de investimentos Privatiers, chega a ver no Brasil uma "paranoia na busca de créditos baratos". Ele lembra que no Brasil a taxa de emprestadores não bancários de dinheiro é de 54% ao ano, enquanto na Alemanha ela oscila entre 9 e 12%.
Uma solução nesse sentido são incentivos como o Programa AL-Invest, uma iniciativa de cooperação econômica da União Europeia (UE) para a inserção em mercados internacionais de pequenas e médias empresas do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e Venezuela.
O programa dispõe de 15 milhões de euros a serem aplicados entre 2009 e 2012, explicou José Frederico Álvares, gerente-executivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O representante da indústria brasileira ganhou a licitação para a gestão financeira e a execução do programa.
Os recursos europeus destinam-se à participação em eventos internacionais, encontros de negócios, troca de experiências com instituições europeias em processos de internacionalização e capacitação gerencial e empresarial.
Balanço positivo em Munique
"Encontros só são efetivos se depois deles forem assinados acordos e neste encontro de Munique conseguimos fechar dois deles", disse o Stefan Zoller, membro do comitê executivo da EADS e diretor da divisão de Defesa e Segurança no encerramento do Encontro Econômico Brasil-Alemanha na capital bávara nesta terça-feira (01/06).
Além dos acordos de infraestrutura portuária e de segurança nos estádios, o saldo do encontro entre representantes da política e da economia dos dois países inclui um grande número de contatos. O Match Making, uma espécie de oportunidade para contatos, mediou 220 encontros entre 500 empresas nos três dias do evento.
O comparecimento de três ministros alemães, na segunda-feira (31/05), deu um destaque especial ao encontro. Além de Rainer Brüderle, da Economia, e Guido Westerwelle, das Relações Exteriores – que anunciou que 2013 será o Ano da Alemanha no Brasil – esteve presente Peter Ramsauer, dos Transportes, que anunciou estar preparando uma viagem ao Brasil.
Também Antônio Patriota, secretário-geral das Relações Exteriores, fez um balanço positivo: "Muitos comentaram que foi o melhor encontro já realizado. Os dois países são vencedores", disse. Patriota salientou que as negociações com representantes políticos alemães aconteceram "em um clima de muita confiança mútua".
Ele fez um agradecimento especial aos ministros alemães Brüderle e Westerwelle, "que demonstraram com grande entusiasmo pessoal seu apoio às relações entre os dois países. Foi meu momento especial neste encontro", encerrou.
Rio de Janeiro será sede em 2011
Ao final do evento, que teve 780 participantes, dos quais 300 vieram do Brasil, Zoller salientou a importância da iniciativa Winwin, cuja meta é abrir caminho especialmente a empresas de médio porte para investimentos tendo em vista principalmente a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Paralelamente, aconteceu o 28º Encontro Empresarial e a 37ª reunião da Comissão Mista de Cooperação Econômica entre os dois países, de cunho governamental. O incentivo a pequenas e médias empresas e a inovação foram apresentados como as novas prioridades nas relações econômicas teuto-brasileiras.
Como os dois países se revezam com a organização do encontro, no próximo ano ele será realizado no Rio de Janeiro.
Autora: Roselaine Wandscheer
Revisão: Simone Lopes