Irã cogita prorrogar por até um ano negociações sobre programa nuclear
23 de novembro de 2014Diante das sérias discordâncias, as negociações sobre o programa nuclear iraniano parecem novamente se encaminhar para uma prorrogação. Diplomatas iranianos afirmaram neste domingo (23/11), em Viena, que deverá haver uma extensão das conversas por seis meses a um ano, caso até a noite não se chegue um acordo.
Na segunda-feira, expira o prazo dentro do qual o Irã e o grupo dos cinco países com poderes de veto nas Nações Unidas mais a Alemanha queriam alcançar um acordo permanente para resolver a disputa sobre o programa nuclear iraniano. No sábado, diplomatas europeus disseram ser "tecnicamente impossível" a conclusão de um acordo completo antes do fim do prazo, que inclua os "anexos técnicos" necessários sobre os detalhes do tratado.
O acordo provisório fechado em Genebra em 24 de novembro de 2013 prevê, em troca do relaxamento de algumas sanções, o congelamento do programa nuclear iraniano e a intensificação de controles internacionais.
"Resultado em aberto"
O ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier, disse na sua chegada a Viena, no sábado, que o resultado da rodada de conversações realizada na capital austríaca continua "completamente em aberto". Ele acrescentou que, apesar das divergências restantes, as partes envolvidas na negociação "nunca estiveram tão perto" de uma solução para a disputa. "Entretanto, não devemos ignorar o fato de que, em muitas questões, ainda estamos muito distantes uns dos outros", ressaltou. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, falou haver ainda "sérias diferenças" entre as partes.
A chegada em Viena do ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, foi prevista para a noite de domingo, informou a agência de notícias russa Tass, citando a delegação russa. Lavrov cancelou compromissos para segunda-feira em Moscou.
Seus colegas de França e China também eram previstos para participar da rodada em Viena. No sábado, John Kerry já havia se encontrado com seu colega iraniano Mohammad Javad Zarif, e a chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton.
Acordo provisório
Neste domingo, Kerry se encontrou novamente com Zarif, na quinta conversa entre os dois nos últimos dias. Ambos os lados enfatizam desde o início da atual rodada de negociações a vontade de chegar a um acordo, mas exigem as respectivas concessões da outra parte, para que isso seja possível.
A possibilidade mais provável é que, em vez de um acordo completo, seja inicialmente fechado um acordo provisório. Um acordo permanente deve permitir ao Irã o uso pacífico da tecnologia nuclear, mas também impedi-lo de desenvolver armas nucleares em um curto espaço de tempo. Em troca da limitação do programa nuclear, deve ser acertada uma redução das sanções ao Irã, que desencadearam uma grave crise econômica no país.
Em Teerã, cerca de 200 pessoas protestaram no domingo pelo direito do Irã de usar a tecnologia nuclear e pela suspensão imediata das sanções. Enquanto o Ocidente quer relaxar as sanções gradualmente, o Irã reinvidica sua abolição imediata e completa. Os outros principais pontos de discórdia restantes dizem respeito ao enriquecimento de urânio e ao tempo de vigência do acordo. Essas diferenças já impediram um acordo em julho, obrigando que o prazo fosse prorrogado por quatro meses.
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