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Irã ignora apelo internacional e executa mulher acusada de assassinato

25 de outubro de 2014

Rayhaneh Jabbari, 26 anos, foi condenada à forca por matar ex-funcionário do serviço de inteligência iraniano, que ela alegou ter tentado estuprá-la. Ativistas de direitos humanos questionam imparcialidade do julgamento.

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Iran Rejhaneh Dschabbari Prozess 15.12.2008
Rejhaneh Dschabbari durante julgamento, em dezembro de 2008Foto: picture-alliance/dpa/Goalara Sajadieh

Apesar do apelo internacional junto ao governo do Irã, a iraniana Rayhaneh Jabbari, de 26 anos, foi executada na madrugada deste sábado (25/10), segundo informou a agência oficial de notícias Irna. Presa há cinco anos, a jovem havia sido condenada à forca pelo assassinato de um homem que ela sempre alegou ter ocorrido em legítima defesa, diante de uma tentativa de um estupro.

A Anistia Internacional (AI) condenou a execução de Jabbari, descrevendo o ato como uma "mancha de sangue nos registros dos diretos humanos no Irã" e "uma afronta à Justiça". Ativistas, atores e outras celebridades iranianas fizeram intensas campanhas pedindo clemência à mulher. A mobilização na internet recebeu apoio de milhares de pessoas de várias partes do mundo.

Agentes do Ministério da Justiça haviam tentado evitar a execução por causa da esperada repercussão negativa. No entanto, as autoridades ficaram limitadas pela pena qisas, lei penal islâmica que permite aos parentes mais próximos da vítima assassinada decidir se o culpado também deve morrer ou não. E, neste caso, os familiares do ex-funcionário do serviço de inteligência Morteza Abdolali Sarbandi, 47, insistiram na condenação.

Segundo Jabbari, que trabalhava como designer de interiores, ela havia sido contratada em 2007 para decorar um apartamento em Teerã. Ao chegar ao local, ela conta que um dos homens presentes tentou estuprá-la. Para se defender, a jovem, então com 19 anos, o esfaqueou e matou.

No entanto, Jabbari nunca conseguiu provar as acusações. Investigadores afirmam nunca ter encontrado sinais de tentativa de estupro. Segundo eles, Sarbandi foi estocado por trás, possivelmente quando estava rezando. Durante o julgamento, uma possível "relação imoral" entre a acusada e a vítima chegou a ser aventada pela acusação.

Um monitor de direitos humanos das Nações Unidas, porém, acredita que o assassinato tenha ocorrido em legítima defesa, e que o julgamento de Jabbari foi extremamente falho. Segundo a ONU, mais de 250 pessoas foram executadas no Irã do início deste ano até agora.

"Tragicamente, este caso está longe de ser incomum. Mais uma vez, o Irã insiste em aplicar pena de morte a despeito de sérios questionamentos sobre a lisura desses julgamentos", declarou a vice-diretora do escritório da AI para o Oriente Médio e Norte da África, Hassiba Hadj Sahraoui.

MSB/dpa/afp