Kerry diz que uso de armas químicas por Assad é inegável
26 de agosto de 2013O secretário de Estado americano, John Kerry, disse nesta segunda-feira (26/08) que o uso de armas químicas pelo regime de Bashar al-Assad na guerra civil síria é inegável e alertou que as leis internacionais não podem ser violadas "sem consequências."
Num dos mais ferrenhos discurso de uma autoridade americana desde o início do conflito sírio, há mais de dois anos, Kerry afirmou que as evidências que os inspetores da ONU buscam no país são importantes, porém não necessárias para provar o que "está baseado em fatos" e "guiado pelo bom-senso".
"O uso de armas químicas desafia qualquer código de moralidade, matando indiscriminadamente civis", disse Kerry, que acrescentou que o governo sírio precisa ser responsabilizado. "O que aconteceu vai muito além do conflito. O mundo baniu o uso de armas químicas."
Os inspetores da ONU receberam autorização do governo sírio para visitar a região de Ghuta, no leste de Damasco, no domingo, para verificar o suposto uso de armas químicas no ataque. Os inspetores tinham chegado ao país alguns dias antes, e Kerry criticou a decisão tardia da Síria de permitir a entrada deles no local.
Segundo o secretário de Estado, se o regime de Bashar al-Assad não tinha o que ocultar, não tinha razão para complicar o trabalho dos analistas das Nações Unidas.
Comboio da ONU sofre emboscada
O comboio dos inspetores foi alvo de tiros nesta segunda-feira quando tentava coletar provas em relação às denúncias que foram divulgadas na internet.
O chefe da diplomacia americana assegurou que os EUA têm em seu poder provas adicionais às já divulgadas por testemunhas e organizações humanitárias, e que as levará a público depois que forem analisadas.
Assad rejeitou com veemência acusações de que suas forças teriam usado armas químicas, afirmando que declarações de líderes ocidentais a respeito são "um insulto ao bom senso" e "absurdas", em entrevista à edição de segunda-feira do jornal russo Izvestia.
O ditador também alertou os EUA contra uma intervenção militar na Síria, dizendo que os americanos fracassariam, "como em todas as guerras anteriores que começaram, desde a Guerra do Vietnã até os dias de hoje."
Assim como o governo britânico, os EUA estariam cada vez mais convencidos de que o regime sírio esteve por trás do ataque da última quarta-feira. Washington estaria considerando uma "possível ação militar", disse um oficial americano que viajou com o secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, no fim de semana e que pediu anonimato.
Hagel disse no fim de semana que as forças armadas dos Estados Unidos estão preparadas para intervir na Síria, caso o presidente americano, Barack Obama, ordene a operação. A Casa Branca informou que Obama pediu aos serviços de inteligência que reúnam "fatos e provas" e que governo tem uma série de opções e que agirá em conformidade com os "interesses nacionais".
RPR/ ap/ afp/ rtr