Kirchner desiste de participar de posse de Macri
9 de dezembro de 2015A polêmica disputa sobre o local de entrega da faixa presidencial na Argentina culminou nesta quarta-feira (09/12) com o anúncio de que a atual presidente do país, Cristina Kirchner, não comparecerá à cerimônia de posse de seu sucessor, Mauricio Macri, programada para quinta-feira.
"Não foram dadas as condições para que Cristina vá ao Congresso. Damos por encerrada essa discussão", afirmou o diretor geral da Agência Federal de Inteligência, Oscar Parrilli, depois de dias de embate sobre o protocolo da cerimônia.
O presidente eleito prestará juramento no Congresso Nacional e havia decidido que receberia de Kirchner a faixa presidencial na Casa Rosada, sede do governo federal, como foi tradição até 2002. Ela, no entanto, propôs que toda a cerimônia fosse realizada no Congresso, como vem ocorrendo desde 2003, quando seu falecido marido Néstor Kirchner assumiu a presidência argentina.
A opção de Macri visava evitar que a mobilização kirchnerista, convocada para acontecer em frente ao Congresso durante o evento, pudesse atrapalhar a cerimônia de posse. Já Kirchner não quis perder a chance de demonstrar seu poder nos últimos dias de mandato.
O desentendimento que começou com uma simples diferença de opinião e a falta de um acordo alcançou uma proporção inimaginável e acabou chegando à Justiça. Macri solicitou uma medida cautelar para garantir que assumiria a presidência do país à meia-noite desta quinta-feira, ou seja, antes da cerimônia oficial.
O pedido do presidente eleito foi aceito pela Justiça e o parecer favorável levou Kirchner a desistir de participar da cerimônia de posse. Parrilli contestou a decisão e argumentou que ela é inconstitucional.
O final do mandato de um presidente é interpretado de diferentes formas na Argentina. Para alguns juristas, ele termina à meia-noite do dia da posse, para outros, somente após a cerimônia.
Embate virtual
A revolta de Kirchner por causa da decisão não ficou somente na desistência de participar da cerimônia. O conflito entre a atual presidente e Macri chegou também às redes sociais. O governo kirchnerista aproveitou o último dia no poder para se apossar do perfil oficial da Casa Rosada no Twitter.
A descrição do perfil, que tem mais de 320 mil seguidores, foi modificada para "Twitter dos presidentes Néstor Kirchner e Cristina Kirchner - 25 de maio 2003 a 10 de dezembro 2015". A conta também foi declarada não oficial a partir desta quinta-feira.
O link no qual aparece a biografia do presidente que estava direcionado à página oficial da Presidência foi modificado para um site de Kirchner.
A mudança provocou uma avalanche de comentários irônicos nas redes sociais e o hastag #CFKVerguenzaMundial apareceu entre um dos mais usados nesta quarta-feira.
CN/dpa/efe/rtr