Maduro rechaça decisão da OEA
2 de junho de 2016O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebeu em Caracas nesta quarta-feira (01/06) apoio de centenas de jovem contra a decisão da Organização dos Estados Americanos (OEA) de acionar a chamada Carta Democrática Interamericana. Em discurso aos manifestantes, Maduro rechaçou a ação do organismo internacional, alegando que a medida visa uma intervenção estrangeira no país.
"Estamos defendendo a soberania e a liberdade do país. Convocamos a população para defender a soberania da república", disse Maduro, expressando alegria pelo apoio que recebeu dos manifestantes contra o que chamou de "ameaças e agressões imperialistas".
O protesto foi convocado contra a OEA por apoiadores do governo. A marcha reuniu estudantes no centro de Caracas que caminharam até a residência do presidente.
A abertura do processo que poderá resultar na suspensão da Venezuela da OEA também foi critica pela ministra venezuelana do Exterior, Delcy Rodriguez. "O império decidiu que é hora de tomar nossos recursos. Sabemos que o que está vindo é uma intervenção", disse.
Rodriguez acusou ainda o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, de ser um instrumento da política americana.
Almagro, lançou pesadas críticas à Venezuela na terça-feira, acusando Maduro de ameaçar a democracia ao bloquear a atuação do Congresso, dominado pela oposição, e nomear aliados para a Suprema Corte do país.
O secretário-geral pediu ainda a convocação de um conselho permanente dos Estados-membros, entre os dias 10 e 20 de junho, para discutir a "alteração da ordem constitucional" venezuelana e analisar "como a mesma afeta gravemente a ordem democrática". A decisão poderá resultar na suspensão da Venezuela do organismo internacional.
Mais críticas
Além de uma crise política, a Venezuela enfrenta uma profunda crise econômica. Para combatê-la, Maduro instaurou de um "estado de exceção e emergência econômica" em meados de maio. Um dia após a OEA, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão ligado ao organismo, expressou nesta quarta-feira preocupação com a medida em vigor no país por 60 dias.
"A Comissão teme que o decreto em questão possa comprometer o respeito ao Estado de Direito e a separação dos poderes estatais", disse a CIDH em comunicado.
O decreto de "estado de exceção" dá ao governo poderes excepcionais para combater a crise, além das supostas ameaças ao regime venezuelano.
A comissão critica também a atribuição de destruição de alimentos e produtos de primeira necessidade à população pelas Forças Armadas. O órgão afirma que os militares não tem treinamento adequado para realizar tais tarefas e ressalta que a segurança da cidadania cabe a uma "polícia civil devidamente treinada e que respeite os direitos humanos".
CN/rtr/efe/dpa