Maia: denúncia contra Temer será votada até 23 de outubro
28 de setembro de 2017O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou nesta quinta-feira (28/09) que a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, acusado de organização criminosa e obstrução da Justiça, será votada em plenário até 23 de outubro. "Acho que, até o dia 22, 23, ela vai estar votada, com certeza", afirmou Maia depois de uma reunião com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia. O deputado negou que a denúncia foi tema da reunião.
Depois de ser adiada duas vezes por falta de quórum mínimo de 51 deputados, a análise da denúncia, que chegou à Câmara há uma semana, teve início nesta terça-feira com sua leitura. Depois disso, Temer foi notificado da ação, e o processo foi encaminhado à Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania (CCJ), responsável por votar um parecer sobre seu prosseguimento. O presidente tem um prazo de dez sessões do plenário para apresentar sua defesa.
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O presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB), anunciou também nesta quinta-feira que o deputado Bonifácio de Andrada (PSDB) será o relator da denúncia. Antes, Pacheco alegara estar tendo dificuldades na escolha. Segundo ele, parlamentares que aceitaram o convite enfrentaram resistência de suas bancadas, principalmente os do PSBD e do DEM.
Na primeira denúncia, Andrada, que é ligado ao senador afastado Aécio Neves, votou a favor do presidente. Independentemente do parecer do relator, o plenário decidirá se autoriza ou não a abertura do processo. Em votação, são necessários os votos de dois terços dos parlamentares (342 de 513 deputados) para que ele avance.
Se a ação for admitida na Câmara, ela volta ao Supremo para ser julgada. Caso a denúncia seja aceita pela corte, o presidente se torna réu e deve ser afastado do cargo por 180 dias. No entanto, se for rejeitada pelos deputados, o processo é arquivado.
Entenda: Como Temer pode escapar também da segunda denúncia de Janot
Esta é a segunda vez que o presidente enfrenta esse processo. A primeira denúncia contra Temer, por corrupção passiva, foi barrada em votação na Câmara no início de agosto.
A segunda denúncia
A segunda denúncia foi apresentada em meados de setembro pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que deixou o cargo há uma semana. A ação imputa dois crimes ao presidente, organização criminosa e obstrução da Justiça.
Em relação ao primeiro delito, Janot acusou o peemedebista de atuar, desde maio de 2016, como líder do chamado "quadrilhão do PMDB da Câmara", que envolve a cúpula do partido.
Segundo a denúncia, eles praticaram ações ilícitas em troca de propina envolvendo diversos órgãos públicos, como Petrobras, Furnas, Caixa, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados. O esquema permitiu que os denunciados recebessem pelo menos 587 milhões de reais em propina, disse Janot.
Já o crime de obstrução da Justiça está relacionado à suspeita de que Temer teria autorizado o executivo Joesley Batista, da empresa JBS, a comprar o silêncio do operador Lúcio Funaro e do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha.
O nome do ex-deputado foi mencionado numa conversa entre Joesley e Temer em março no Palácio do Jaburu. A gravação desse diálogo, feita pelo próprio executivo, é uma das provas usadas na ação. O presidente sempre negou as acusações.
CN/abr/ots