Preparando a volta
24 de setembro de 2011Após meses de especulação da mídia russa e de setores políticos, o presidente da Rússia, Dimitri Medvedev, confirmou neste sábado (24/09) que abre mão da reeleição e propôs a candidatura de seu mentor, Vladmir Putin, às eleições presidenciais do ano que vem.
Medvedev fez o anúncio durante um congresso do partido Rússia Unida, criado por Putin. Atualmente no cargo de primeiro-ministro, Putin, que presidiu a Rússia entre 2000 e 2008, convidou Medvedev para voltar a assumir o cargo de premiê.
"É uma grande honra para mim", afirmou Putin, em meio a palmas e felicitações de centenas de membros do partido presentes ao encontro, realizado num estádio em Moscou. "Espero contar com o apoio de todos", disse o atual primeiro-ministro.
Putin teve que deixar a presidência da Rússia em março de 2008 porque a Constituição do país não permite um terceiro mandato consecutivo. O político conservador de direita já estava há oito anos no comando do Kremlin. Se voltar, ele poderá permanecer no poder até 2024 – mudanças na Constituição alteraram de quatro para seis anos o mandato presidencial na Rússia. Putin, hoje com 59 anos, terá então 72, caso seja reeleito no ano que vem e na eleição posterior.
Eleições parlamentares
As eleições presidenciais ainda não têm data definida. Elas acontecem, no entanto, após as votações para composição da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo, que acontecem em 4 de dezembro deste ano. O Rússia Unida tem grandes chances de permanecer com a maioria na Duma. Atualmente, das 450 cadeiras no Parlamento, 312 são ocupadas por representantes do partido do governo.
Por causa da popularidade e da influência de Putin, partidos de oposição estão praticamente fora do cenário político no país. O Partido Comunista da Federação Russa atua como voz solitária da oposição no Parlamento em Moscou.
A população ainda reconhece o atual primeiro-ministro como uma figura forte e decisiva de liderança, num país de dimensões continentais, assolado por escândalos de corrupção e com um grande abismo entre pobres e ricos.
Partidos oposicionistas e países ocidentais acreditavam que a entrada de Medvedev na presidência da Rússia poderia reverter o crescimento do controle do Estado e o esfacelamento das liberdades civis, reforçados durante os oito anos da gestão Putin. O atual presidente, no entanto, não demonstrou qualquer disposição em romper com o seu predecessor.
Medvedev era um funcionário pouco conhecido do Kremlin quando se tornou primeiro-ministro. Ele venceu as eleições com o apoio de Putin – que já esperava, em troca, a nomeação para tornar-se chefe do governo russo na eleição seguinte.
MS/ap/afp/rts
Revisão: Carlos Albuquerque