Encontro de conservadores
5 de março de 2011Megafones acompanharam a chegada da limusine que transportou os chefes de Estado e governo reunidos na capital finlandesa. A premiê alemã, Angela Merkel, teve certa dificuldade de passar por entre os manifestantes, contrários à ideia "do plano de fundar os Estados Unidos da Europa".
Nas palavras da chefe alemã de governo, o importante "é apoiar nossos amigos na Finlândia" e, acima de tudo, promover decisões importantes "para que o euro se estabilize e, ao mesmo tempo, seja fortalecida a capacidade de concorrência da UE".
Cúpula como auxílio de campanha eleitoral
"Apoio aos amigos na Finlândia" é o lema da campanha eleitoral aberta em prol do ministro finlandês das Finanças, Jyrki Katainen, anfitrião do encontro em Helsinki e aspirante ao posto de primeiro-ministro do país.
Katainen agradeceu a presença da premiê alemã com a defesa de posições caras a Merkel. "Precisamos de melhores regras e de sanções para os casos daqueles que não respeitem as normas", afirmou o ministro, para quem a solução de crises futuras precisará incluir também credores privados.
Em prol de "decisões nacionais"
A Áustria é outro país que parece não ter nada contra regras rígidas. Merkel encontrou resistência, contudo, em outras de suas exigências, como a de unificar na zona do euro aspectos como a idade mínima para aposentadoria, a carga tributária das empresas e encargos sociais.
Para o vice-premiê e ministro austríaco das Finanças, Josef Pröll, isso seria ir longe demais. "É preciso ver que algumas coisas deverão se ater, também no futuro a padrões nacionais". O lema de Pröll, no âmbito da UE, é "coordenar juntos, mas decidir na esfera nacional". O ministro austríaco é, por exemplo, veementemente contra a unificação da idade mínima para aposentadoria nos países da zona do euro.
As opiniões entre os políticos presentes em Helsinki divergem em vários aspectos: enquanto alguns chefes de governo defendem, por exemplo, a manutenção do atrelamento dos salários à inflação, outros pleiteiam acima de tudo uma carga tributária mais baixa para as empresas.
Projetos comunitários ou acordos entre países?
A Comissão Europeia precisa, em meio a tudo isso, ver como alguns poucos países membros, sobretudo os pesos-pesados Alemanha e França, determinam o rumo das coisas. No encontro de Helsinki, a ausência tanto do presidente Nicolas Sarkozy quanto do primeiro-ministro francês, François Fillon, foram notadas.
De qualquer forma, o presidente da Comissão Europeia, José Manual Durão Barroso, faz reclamações a respeito do chamado método intergovernamental, ou seja, de acordos feitos entre países e não na esfera da comunidade europeia.
A viagem de Barroso a Helsinki teve principalmente uma meta: defender um espírito comunitário para o bloco. Segundo ele, seria preciso buscar um consenso "no âmbito dos contratos europeus e no sentido de um projeto comum europeu".
E enquanto os conservadores se reuniam na gélida Helsinki, seus colegas socialistas participavam de uma conferência na quente Atenas. Nesse caso, não só as temperaturas divergem. A Grécia simboliza, como nenhum outro país, os problemas financeiros da zona do euro. Já de países com uma economia sólida como a Finlândia espera-se, sobretudo, ajuda.
Autor: Christoph Hasselbach (sv)
Revisão: Marcio Damasceno