Mesmo sem Ribéry e Nasri, França tem elenco forte para a Copa
6 de junho de 2014A França quase não se classificou para a Copa do Mundo. Com campanha apenas razoável nas eliminatórias, foi obrigada a disputar a repescagem contra a seleção ucraniana. Com muito sofrimento – em Kiev, o resultado foi 2 a 0 para a Ucrânia e, na volta, em Paris, 3 a 0 para a França – a Équipe Tricolore carimbou a vaga para o Mundial e, no sorteio dos grupos, conseguiu fugir do "Grupo da Morte" e terá pela frente as seleções de Suíça, Equador e Honduras na primeira fase.
A França estará no Brasil sem muito alarde, em parte devido às campanhas pífias no último Mundial e na última Eurocopa e em virtude das ausências das estrelas Franck Ribéry e Samir Nasri. Na Copa de 2010, foi eliminada ainda na fase de grupos. Na Eurocopa de 2012 parou na Espanha nas quartas de final. Porém, também pelo chaveamento favorável, mas muito também pelo crescimento coletivo e individual de seus jogadores, a França tem tudo para ir longe na Copa no Brasil.
A convocação do treinador Didier Deschamps – capitão do título mundial da França contra o Brasil, em 1998 – tem uma base jovem, de alta qualidade técnica e nomes que atuam em clubes do mais alto escalão do futebol europeu.
Se no gol a titularidade é inquestionável, com Hugo Lloris, o sistema defensivo dá à Deschamps interessantes opções. Laurent Koscielny é certo na zaga central, que conta ainda com Mathieu Debuchy. E, se os já tarimbados Evra e Sagna não derem mais conta das laterais, Deschamps conta com Digne, Varane e Sakho, jogadores que fizeram ótima temporada por seus clubes. A ascensão destes três últimos certamente é um dos motivos para a ausência dos experientes Eric Abidal, um dos líderes dos Bleus nas eliminatórias, e Gaël Clichy, do Manchester City.
Comportamento tira Nasri da Copa
Se a defesa está bem servida, o meio-campo é o ponto preocupante para Deschmaps. Com Paul Pogba e Blaise Matuidi, a França tem uma das melhores duplas de volante do mundo. Ambos sabem sair (muito) bem para o jogo, marcam gols e são bons no fundamento do passe.
Mas é na função de criação que o treinador francês carece de boas opções. Deschamps enxerga os meias Cabaye e Valbuena como titulares absolutos, mas nenhum deles tem a classe e a qualidade de jogo de Samir Nasri, cuja ausência na lista dos convocados causou alvoroço na mídia francesa.
Até a namorada do jogador, Anara Atanes, resolveu sair em defesa de Nasri e esbravejou no Twitter. A modelo espanhola não poupou nem o país de origem do meio-campista: "F.... a França e f.... Deschamps. Que m... de treinador!". A explicação pela ausência do meio do Manchester City não é tática e nem técnica. O critério é disciplinar.
Na Eurocopa de 2012, Nasri irritou a Federação Francesa de Futebol (FFF) primeiro festejando um gol contra a Inglaterra com o tradicional gesto pedindo silêncio e, depois da eliminação contra a Espanha, se desentendeu com um repórter, chamando-o para a briga. A gota d'água foi o desentendimento com Deschamps, após ser substituído num jogo da repescagem contra a Ucrânia.
A França deve jogar numa vertente do esquema 4-5-1, mais precisamente no desmembramento 4-2-3-1. Com a tradicional linha de quatro atrás, os dois volantes (Pogba e Matuidi), Deschamps deve escalar o meio-campo com Cabaye, Valbuena e Antoine Griezmann. E na frente, solitário, Karim Benzema. Olivier Giroud, do Arsenal, e Loïc Rémy, do Newcastle, são boas opções para o comando de ataque. Certamente Ribéry seria titular absoluto neste meio-campo francês, mas o craque do Bayern de Munique foi cortado da Copa uma semana antes do pontapé inicial. O mesmo aconteceu com Clemént Grenier.
Se Deschamps conseguir conter o histórico de crises de relacionamento em seu elenco, a França possui um time para ser uma das principais surpresas do torneio. O chaveamento já permite uma vida longa aos Bleus com o mínimo de esforço. A primeira fase é relativamente simples. A estreia será contra Honduras, dia 15 de junho, em Porto Alegre. Depois os Bleus definem a liderança da chave contra a Suíça, dia 20, em Salvador, e encerram a primeira fase contra o Equador, dia 25, no Maracanã.
Já nas oitavas de final vão pegar o segundo colocado do grupo da Argentina – Bósnia, Irã ou Nigéria, se der a lógica. Desafio, só nas quartas, quando jogarão contra o primeiro do Grupo G, que tem Alemanha e Portugal, ou o segundo do Grupo H, que reúne Bélgica, Rússia, Coreia do Sul e Argélia.
Antes de viajar para o Brasil, os franceses ainda farão três amistosos. Contra a Noruega (27 de maio), o Paraguai (1º de junho) e contra a Jamaica (8 de junho).
Confira a lista dos 23 convocados:
Goleiros:
Hugo Lloris (Tottenham Hotspur/ING)
Steve Mandanda (Olympique Marseille)
Mickaël Landreau (Bastia)
Defensores:
Bacary Sagna (Arsenal/ING)
Mathieu Debuchy (Newcastle/ING)
Patrice Evra (Manchester United/ING)
Lucas Digne (Paris Saint-Germain)
Raphaël Varane (Real Madrid/ESP)
Laurent Koscielny (Arsenal/ING)
Mamadou Sakho (Liverpool/ING)
Eliaquim Mangala (Porto/POR)
Meio-campistas:
Yohan Cabaye (Paris Saint-Germain)
Clément Grenier (Lyon) - cortado
Rémy Cabella (Montpellier)
Blaise Matuidi (Paris Saint-Germain)
Rio Mavuba (Lille)
Paul Pogba (Juventus/ITA)
Mousa Sissoko (Newcastle/ING)
Mathieu Valbuena (Olympique Marseille)
Atacantes:
Karim Benzema (Real Madrid/ESP)
Olivier Giroud (Arsenal/ING)
Antoine Griezmann (Real Sociedad/ESP)
Frank Ribéry (Bayern de Munique/ALE) - cortado
Morgan Schneiderlin (Southampton)
Loïc Rémy (Newcastle/ING)