Mianmar empossa primeiro governo civil em décadas
30 de março de 2016Tomou posse nesta quarta-feira (30/03), pela primeira vez em mais de 50 anos, um presidente civil eleito de forma democrática em Mianmar. O economista Htin Kyaw, de 69 anos, recebeu o cargo de chefe de Estado do ex-general Thein Sein, que liderou nos últimos anos a transição do país do Sudeste Asiático da ditadura militar à democracia.
Eleito pelo Parlamento, Kyaw é homem de confiança da Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, líder da Liga Nacional pela Democracia (LND). O partido conseguiu quase quatro quintos dos assentos parlamentares postos em votação nas eleições em novembro.
Suu Kyi, de 70 anos, não pôde concorrer ao cargo porque a Constituição impede que cidadãos com familiares estrangeiros assumam a chefia de Estado – os filhos dela têm passaporte britânico.
Ela será, porém, uma "superministra", sendo responsável pelas pastas do Exterior, Educação, da Energia, além da Casa Civil. Suu Kyi ressaltou que liderará o governo, ficando, assim, "acima do presidente". Ele deve seguir as suas instruções.
"A prioridade do governo é a reconciliação nacional, a paz, o desenvolvimento econômico e social e uma Constituição que permita democracia e federalismo", afirmou Htin Kyaw, em breve discurso de posse.
Htin Kyaw lançou um apelo pela mudança da Constituição aprovada pela última junta militar, que impediu Suu Kyi de concorrer à presidência e que dá amplos poderes ao Exército.
"Eu tenho a obrigação de trabalhar para obter uma Constituição que tenha normas democráticas e seja adequada para o país", disse. O presidente pediu "paciência" para alcançar os objetivos propostos por seu governo.
O novo presidente e seu governo começarão seu mandato em 1º de abril. Mianmar foi governada por generais de 1962 até 2011, quando a última junta militar se dissolveu após repassar o poder para um governo civil simpático às Forças Armadas, liderado pelo ex-general Thein Sein.
Thein Sein começou um processo de reformas políticas, econômicas e sociais que foi recompensando com a suspensão das sanções que pesavam sobre o país, impostas por União Europeia e Estados Unidos.
MD/dpa/afp/efe