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Milhares protestam contra governo na Polônia

23 de janeiro de 2016

Dezenas de milhares de pessoas vão às ruas em mais de 30 cidades para contestar recentes reformas que dão mais poder ao governo, e aumentam pressão interna sobre a gestão nacional-conservadora do país.

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Bandeiras da União Europeia são comuns em protestos contra o governo polonêsFoto: Reuters/K. Atys

Sob o lema "Para a proteção de sua democracia", dezenas de milhares de pessoas foram às ruas de mais de 30 cidades na Polônia, neste sábado (23/01), para "defender a liberdade" e protestar contra o governo conservador em Varsóvia.

As manifestações foram convocadas pelo Comitê de Defesa da Democracia (KOD) em 36 cidades do país. Protestos de apoio também foram planejados em Amsterdã, Berlim, Bruxelas, Londres, Melbourne, Paris, Estocolmo e Viena.

"Nós não somos revolucionários", enfatizou o fundador do comitê, Mateusz Kijowski, diante da sede do governo em Varsóvia. "Revoluções querem destruir, nós queremos preservar a democracia e a liberdade na Polônia."

Os atuais protestos dão continuidade a uma série de manifestações contra as reformas que deram mais poder de intervenção ao governo no Tribunal Constitucional Federal, na mídia e em outras instituições.

Presidido pelo antigo chefe de governo polonês Jaroslaw Kaczynski, o eurocético Partido Lei e Justiça (PiS), no poder desde outubro do ano passado, tem enfrentado regularmente censuras da mídia e da oposição. As controversas mudanças legais foram duramente criticadas tanto dentro quanto fora da Polônia.

Os protestos deste sábado visaram principalmente à nova lei da polícia, que permite amplas possibilidades de monitoramento de dados. "Não ao Estado de controle", lia-se em um dos cartazes. Nos banners dos manifestantes também estava escrito: "Não à 'putinização', nenhum monitoramento, não ao comunismo!", em alusão ao presidente russo, Vladimir Putin.

Críticas de todos os lados

Após a sua perfomance no debate sobre a Polônia, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, a chefe de governo, Beate Szydlo, foi apresentada pelos manifestantes como "Beata, a mentirosa".

Na última terça-feira, Szydlo teve que se defender em Estrasburgo contra as críticas da União Europeia. Ela afirmou que as medidas tomadas pelo seu governo estariam de acordo com a Constituição e com os tratados da UE.

O ex-presidente da Polônia, Lech Walesa, acusou o governo de "arruinar o país" devido às reformas no Judiciário e legislação sobre a mídia. O antigo chefe do movimento Solidariedade disse à emissora TVN24: "Lutamos duro para conseguir a liberdade. Agora a estamos jogando fora." Quanto às afirmações de Beata Szydlo na última terça-feira, Walesa disse: "Eu nunca havia escutado uma mentira tão escabrosa."

Um representante do movimento oposicionista da Hungria instou os manifestantes a lutar contra "uma segunda Budapeste em Varsóvia". Segundo ele, seis anos de governo conservador-nacionalista de Viktor Orbán teriam desmantelado a democracia, aumentado a pobreza e diminuído a classe média em seu país.

Iniciativa da UE

Em diversas cidades polonesas, apoiadores do governo nacional-conservador organizaram, por sua vez, manifestações de apoio ou protestos nas mídias sociais, em que os manifestantes do KOD são mostrados como marionetes da União Europeia (UE).

Recentemente, a União Europeia lançou um processo inédito para averiguar se as reformas do governo polonês não violariam as regras democráticas do bloco e se não estariam sujeitas a punições.

Bruxelas introduziu o mecanismo da "regra da lei" em 2014, que permite ao bloco de 28 países investigar se um Estado-membro estaria violando normas democráticas da União Europeia. Se for considerado culpado, o país pode ser excluído das votações da UE. Esse procedimento, no entanto, nunca foi utilizado e as autoridades esperam que a situação não chegue a esse ponto.

CA/dpa/afp/dw