Westerwelle defende ampliação de parcerias Brasil-Alemanha
13 de fevereiro de 2012A crise enfrentada pela Europa foi o centro dos primeiros compromissos oficiais do Ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, no Brasil. Na capital federal, ele participou do evento O Euro e o Futuro da Europa, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Westerwelle disse estar satisfeito com o pacote de austeridade aprovado neste domingo (13/02) pela Grécia. "O povo grego está carregando um fardo pesado, mas esse é o primeiro passo no caminho certo", avaliou. As medidas – que preveem redução de 22% no salário mínimo e demissão de cerca de 150 mil funcionários públicos – causaram protestos em Atenas
O ministro fez questão de ressaltar que não se trata de uma crise do euro, mas, sim, de uma crise de endividamento que se transformou numa crise de confiança. Ele disse que o desafio será "convencer os mercados de que a zona do euro é uma zona de estabilidade", principalmente através da adoção de medidas de longo prazo que tenham como meta uma maior integração econômica e política do bloco, no que chamou de "mudança de paradigma".
Como solução prática, Westerwelle citou a competitividade e declarou que a Alemanha tem interesses reais de aumentar as parcerias com o Brasil. Entre as áreas de maior interesse estão a cooperação entre pequenas e médias empresas, com o objetivo de fortalecer a pesquisa aplicada à indústria.
O presidente do Conselho Temático de Integração Internacional da CNI, Paulo Tigre, exaltou a pauta diversificada compartilhada pelos dois países. Ele também lembrou que o Brasil é o maio receptor de investimentos alemães na América Latina. "Dados recentes do Banco Central brasileiro indicam que mais de 1.200 empresas germânicas atuam em solo nacional. É esperado, ainda, que a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 também catalisem outros importantes aportes em grandes obras de infraestrutura e em tecnologias sustentáveis", disse Paulo Tigre.
Dados divulgados pelo Ministério de Relações Exteriores do Brasil mostram que a participação dessas empresas alemãs tem influência de 8% a 10% no PIB nacional. Segundo o ministério, no ano passado, o volume de comércio bilateral aumentou 17,2% em relação a 2010.
Para Tigre, o Brasil pode aproveitar o que Alemanha tem para oferecer na formação de jovens, de técnicos, inovação, boas universidades e o foco nas pequenas e médias empresas. Ele também afirmou que, apesar das negociações bilaterais, o Brasil também tem interesse na aprovação de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, tema também levantado por Westerwelle durante sua palestra na CNI. "Está mais do que na hora de chegarmos a um acordo desse tipo", disse o ministro.
Centro alemão de ciência e inovação
A cooperação entre Alemanha e Brasil na área de ciência e tecnologia ganhou novo impulso no final do ano passado com a confirmação da participação alemã no programa Ciência Sem Fronteiras. O programa tem como objetivo aumentar a presença de estudantes brasileiros em universidades de outros países através de parcerias estratégicas. Para a Alemanha, a previsão é que 10 mil novos alunos brasileiros de graduação e pós-graduação tenham a oportunidade de complementar a formação em alguma instituição de ensino alemã.
O programa, que prioriza áreas como engenharia, tecnologia e biodiversidade, já enviou o primeiro grupo de brasileiros para a Alemanha. No início deste mês, 27 estudantes de várias cidades brasileiras chegaram ao país.
Com o objetivo de ampliar essas parcerias nas áreas técnicas, será inaugurado o Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH, na sigla em alemão). O centro vai funcionar na cidade de São Paulo, segunda parada do ministro Guido Westerwelle. O DWIH será inaugurado nesta terça-feira e funcionará como espaço de troca de experiências e elaboração de estratégias conjuntas na área de incentivo à pesquisa.
Além de Westerwelle, também participam da inauguração o Ministro brasileiro da Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, a presidente do DAAD, Margret Wintermantel, o presidente da Fundação Alexander von Humboldt, Helmut Schwarz, o presidente do CNPq, Glaucius Oliva, e o diretor de Relações Internacionais da CAPES, Marcio de Castro Silva Filho.
Ano da Alemanha no Brasil
Em maio de 2013 começa o ano da Alemanha no Brasil. Durante doze meses, o tema Quando ideias se encontram servirá de base para uma série de eventos, simpósios e exposições nas áreas de economia, ciência e cultura, em que a Alemanha se apresentará ao povo brasileiro.
A programação acontecerá nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém. Além da presença alemã no país, o ano Alemanha + Brasil 2013-2014 – organizado pelo Ministério alemão das Relações Exteriores, o Instituto Goethe e a Associação de Indústrias Alemãs – será, também, uma oportunidade de instituições brasileiras participarem através de projetos em conjunto com parceiros alemães.
Na terça-feira, Guido Westerwelle lançará a marca do Ano da Alemanha no Brasil, durante cerimônia na residência do Cônsul Geral da Alemanha em São Paulo. Westerwelle terá, ainda, reunião com o governador do estado, Geraldo Alkimin, e no dia seguinte segue para o Rio de Janeiro. Lá, deverá reunir-se com o governador Sérgio Cabral, além de visitar a Favela da Mangueira. Na agenda oficial também está prevista participação no evento que marca os 95 anos da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha.
Depois da viagem ao Brasil, Westerwelle segue para Peru, Panamá e México.
Autora: Ericka de Sá
Revisão: Augusto Valente