Mortes no terremoto passam de 30 mil, e ONU já estima 50 mil
12 de fevereiro de 2023Uma semana depois do devastador terremoto que destruiu regiões do sudeste da Turquia e do noroeste da Síria, as autoridades dos dois países já confirmaram mais de 33 mil mortos até este domingo (12/02).
As autoridades turcas confirmaram ao menos 29.695 mortos até domingo, e na Síria morreram ao menos 3.575. Este número não é atualizado desde sexta-feira.
As Nações Unidas já estimam que mais de 50 mil pessoas morreram no terremoto, que já é um dos dez mais mortais já registrados.
Um médico turco que presta ajuda na cidade de Kahramanmaras afirmou à agência de notícias Lusa que começam a surgir casos de sarna, diarreia e febre relacionados à falta de condições de higiene e saúde daqueles que sobreviveram ao sismo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 26 milhões de pessoas tenham sido afetadas pelos sismos, "incluindo cerca de 5 milhões de pessoas vulneráveis", de acordo com a organização, cujo diretor, Tedros Adhanom Ghebreyesus, chegou no sábado a Aleppo, na Síria.
O número de feridos nos dois países já chegou a 85 mil.
Milagres entre os escombros
Equipes de resgaste continuam as buscas entre os destroços, mas há cada vez menos esperança de encontrar sobreviventes. Ainda assim, mesmo neste domingo foram retiradas pessoas vivas dos escombros.
Socorristas resgataram uma menina de 13 anos na cidade de Gaziantep, e na província de Hatay um bebê de 7 meses foi resgatado depois de 140 horas sob os escombros, segundo agências de notícias da Turquia.
Na cidade de Kahramanmaras, um menino de 9 anos foi encontrado vivo depois de 120 horas soterrado.
Também em Kahramanmaras, um homem de 26 anos foi retirado dos escombros de um prédio de 11 andares.
Na cidade de Antakya, no sul da Turquia, uma equipe de resgate salvou um homem sírio de 54 anos que passou 156 horas sob os escombros.
Entre os relatos de sobreviventes resgatados estão ainda uma garota de 5 anos que passou 150 horas soterrada, um homem de 35 anos retirado dos destroços depois de 149 horas e uma mulher grávida e seu irmão, que foram salvos também depois de 149 horas soterrados.
Prisões de empreiteiros
A Justiça turca criou uma unidade especial para investigar possíveis negligências na construção dos edifícios que desabaram com o sismo e já emitiu mais de 110 mandados de detenção, anunciou o governo da Turquia.
Segundo a imprensa local, a polícia turca deteve no sábado pelo menos 14 pessoas nas províncias de Gaziantep e Sanliurfa e entre elas figuram empreiteiros e engenheiros civis. Ao menos 6 mil edifícios desabaram na Turquia devido ao terremoto.
ONU critica ajuda à Síria
O número de vítimas na Síria é bem inferior ao da Turquia porque os trabalhos de resgate avançam num ritmo muito mais lento no país, que há anos está em guerra civil. Além disso, o epicentro do tremor foi na Turquia.
A Turquia também recebe mais ajuda internacional. O Ministério turco do Exterior divulgou que mais de 8 mil socorristas estrangeiros estão no país.
O secretário-geral adjunto das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, afirmou neste domingo que a população do noroeste da Síria está abandonada face à falta de ajuda internacional para atenuar as consequências do devastador terremoto.
Griffiths está na fronteira entre a Síria e a Turquia para avaliar a situação. No sábado, ele estimou que o número total de mortos pode ultrapassar 50 mil.
"Nós falhamos com o povo do noroeste da Síria. Eles sentem-se abandonados, e com razão. Esperam a ajuda internacional que não chegou", lamentou Griffiths.
A Síria e a Turquia foram atingidas, na madrugada de segunda-feira passada, por um terremoto de magnitude 7,8, ao qual se seguiram dezenas de réplicas, uma das quais de magnitude 7,5.
O abalo ocorreu às 4h17 (horário local) na segunda-feira, e seu epicentro foi próximo à capital da província de Gaziantep, um importante centro industrial no sudeste da Turquia. Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o epicentro ocorreu a uma profundidade de 18 quilômetros.
as (Lusa, Reuters, AP, DPA, AFP)