OMC debate liberalização do comércio mundial
30 de julho de 2004Os países-membros da Organização Mundial de Comércio (OMC) correm contra o relógio para chegar a um consenso sobre a liberalização do comércio mundial. O esboço de acordo apresentado pela OMC em Genebra ainda encontra resistência por parte de inúmeros países, tanto por parte de nações emergentes como de países industrializados. Grande oposição foi revelada por parte da França, que se recusa a aceitar a proposta de corte de subvenções agrícolas na forma em que prevê o esboço.
Os países-membros da OMC se impuseram um prazo de consenso até a meia-noite desta sexta-feira (30). Diante das excessivas divergências, não é de se excluir a possibilidade de a rodada de negociações continuar pelo fim de semana.
Grupo dos Cinco estabelece diretrizes
A base de discussão é um documento de 20 páginas que prevê o corte de subsídios agrícolas em regiões e países ricos, como os EUA e a União Européia. Além disso, ele formula princípios de acordo com os quais se deverá organizar futuramente o comércio de produtos agrícolas. O documento também contém diretrizes para a eliminação de obstáculos no comércio mundial de bens industriais e prestação de serviços.
A base do documento corresponde a convergências acertadas na quinta-feira (29) entre um núcleo de países formado pelo Brasil, pela Índia, Austrália, UE e pelos EUA. Após longas negociações, este grupo chegou a um consenso sobre pontos polêmicos do comércio agrícola. No entanto, dentro da OMC não é unânime a autoridade deste grupo dos cinco. Afinal, um acordo só sairá com a anuência de todos os 147 países.
Para não esquecer da indústria
Para o ministro alemão da Economia, Wolfgang Clement, o corte de subvenções agrícolas não representaria nenhum problema para a União Européia, contanto que todos os países assumam o compromisso. Com esta observação, o ministro se referiu indiretamente sobretudo à posição dos EUA. Ao mesmo tempo, Clement advertiu que o encontro de Genebra não poderá se limitar a negociar as questões agrícolas:
"Esta rodada de negociações da WTO deve colocar as coisas em andamento numa direção favorável a todos. O que mais nos interessa é a taxação alfandegária para produtos industriais e prestação de serviços, para citar os âmbitos mais importantes."
Clement reafirmou a posição da Alemanha na rodada de Genebra, reiterando que nenhum país teria maior interesse na liberalização dos mercados do que a Alemanha, uma economia de exportação. Anteriormente, um porta-voz da OMC havia declarado que se poderia contar com avanços em quase todos os âmbitos, a não ser quanto à taxação de produtos industriais.