Simpatia e pontos de interrogação
20 de fevereiro de 2012Não há dúvida: Joachim Gauck é um candidato respeitável para o cargo de chefe de Estado alemão. Ele já o era dois anos atrás, quando se apresentou para concorrer à presidência. Até mesmo da coalizão de governo – que na época não votou por ele – partiram manifestações de respeito. Isto, sem falar na população: as pesquisas de opinião mostravam que ele gozava de simpatia muito maior do que o candidato do governo, Christian Wulff.
Em 2010, Gauck foi proposto pelos social-democratas e verdes, embora não fosse um seguidor rigoroso de nenhum dos dois partidos – e justamente por esse motivo. Sua função era causar desconforto nos meios governamentais, e nisso se teve sucesso. Wulff só conseguiu ser eleito na terceira rodada de votações, quando bastava uma maioria relativa, em vez da absoluta.
No que toca o posicionamento político, não seria difícil para os partidos do governo apoiar Gauck. Mesmo assim, a decisão custou um enorme esforço à chefe de governo Angela Merkel. Pois indicar agora esse político é como uma admissão de haver "apostado no cavalo errado", dois anos atrás. O presidente do Partido Social Democrático (SPD), Sigmar Gabriel, não pôde evitar fazer uma alusão a esse respeito, após a indicação. Entretanto, os partidos de oposição ainda poderão ter uma surpresa ou outra com Gauck, já que alguns de seus pontos de vista estão mais para o campo conservador.
Mas acontece que as opiniões de Gauck sobre diversos temas ainda são desconhecidas. Sobretudo no que diz respeito às questões de política externa, ele não se manifestou até agora. Essa incógnita não deixa de ser problemática para um chefe de Estado que representará a Alemanha no exterior. Em face da crise do euro e das rupturas na política mundial, seria bom saber a posição do presidente federal.
A procura do candidato presidencial, nos últimos dias, foi mais focada na política interna. Assim, nem a mídia nem os políticos cogitaram o antigo presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Pöttering. Que sinal político teria sido sua indicação! Quanto a Joachim Gauck, cabe esperar que ele encontre sempre o tom certo em sua difícil função internacional.
Autor: Peter Stützle (av)
Revisão: Marcio Damasceno