Os perdedores do "plano de paz" de Trump para Oriente Médio
1 de fevereiro de 2020Talvez o jeito não convencional de Donald Trump traga resultados? Oded Revivi, prefeito do assentamento de Efrat, na Cisjordânia, não descarta essa possibilidade. Ele escreveu no jornal Jerusalem Post que não está excluído que Trump, com seu modo atabalhoado, seja capaz de resolver um conflito em 13 presidentes americanos fracassaram até agora.
Será então que o plano de Trump é a solução de que o conflito no Oriente Médio – o aparentemente interminável confronto entre israelenses e palestinos – precisa tão urgentemente para, por fim, ser encerrado?
Oded Revivi, também presidente das comunidades judaicas nas regiões autônomas, está confiante: a força do plano de Trump está precisamente em não ter falado com os palestinos, afirma em seu ensaio para o Jerusalem Post.
"Qualquer plano apresentado sem impor condições aos palestinos, sem o reconhecimento do direito de Israel à existência e sem a desmilitarização [do lado palestino] está condenado ao fracasso", sublinhou. Para Revivi, as tentativas que falharam até agora sofreram com o fato de que a paz não pode ser negociada com quem visa a destruição de Israel.
Essa tese é rebatida pelo cientista político Jason D. Greenblatt, membro da equipe internacional de negociação do governo Trump, e Bishara A. Bahbah, ex-membro da delegação palestina nas negociações de paz multinacionais. Num artigo conjunto, também para o Jerusalem Post, ambos dizem não ser surpreendente se os palestinos rejeitarem inteiramente as propostas de Trump.
No entanto eles estão convencidos de que, em última análise, faria bem os palestinos se envolverem nas negociações. Só o fato de participarem já seria um sinal positivo, a ser seguido por uma aproximação e uma discussão produtiva sobre pontos polêmicos.
Última chance?
Os dois diplomatas argumentam que, após muitas negociações infrutíferas, uma nova oportunidade está se abrindo, possivelmente no longo prazo. "Os palestinos podem continuar esperando por um acordo político melhor. Mas, com toda probabilidade, tal acordo nunca chegará."
Com toda a probabilidade, Trump será reeleito, e os palestinos estariam diante de mais cinco anos sem qualquer avanço. Portanto Greenblatt e Bahbah sugerem que a população dos territórios autônomos esteja atenta ao desenvolvimento econômico. Eles creem que, "dentro de uma década, os palestinos possam ter sucesso econômico, praticar livre comércio e garantir investimentos. Não há razão para os palestinos não se tornarem mais uma 'sociedade start-up'."
Mas será que esse cenário é realista? O geoestrategista Shany Mor é cético. Se o plano fosse implementado, as áreas de assentamentos israelenses seriam territórios isolados dentro de um Estado estrangeiro. "Para que serve a soberania de Israel sobre uma dúzia de enclaves isolados no território de um Estado hostil e (provavelmente) fracassado? Como seria a situação militar no dia seguinte a um ataque terrorista inevitável?", pergunta Mor no jornal Times of Israel.
Ele está convencido de que os assentamentos espalhados por um futuro Estado palestino são tudo, menos propícios à segurança nacional. "Um plano que coloca um sorriso no rosto do movimento de assentamentos messianista pós-sionista não é necessariamente o que corresponde aos interesses nacionais de Israel. Via de regra, o oposto é verdade."
"Estado de apartheid entre Jordânia e o Mediterrâneo"
É semelhante a opinião do jornalista Nahum Barnea, do jornal Yedith Ahronoth: ele parte do princípio que o plano não será executado e que, sob as condições atuais, israelenses e palestinos não se aproximarão. E culpa seu próprio país por tudo isso: "Seja com ou sem o plano de Trump, Israel luta por uma solução de um Estado, um Estado de apartheid entre a Jordânia e o Mediterrâneo."
Gideon Levy, colunista do jornal Haaretz, também tem pouco a ganhar com o plano de paz de Trump. Os palestinos dificilmente aceitarão o acordo, pois ele contém apenas uma "caricatura de um Estado, e isso só depois de muitos anos – se é que ele existe".
E mesmo um tal Estado teria um grande preço, pois se baseia no fato de que os palestinos "concordaram com uma série de condições degradantes de submissão com nem mesmo o parceiro mais baixo na hierarquia jamais concordaria". Levy está convencido de que não haverá paz com esse plano: "Qualquer pessoa com um mínimo de senso moral deveria estar perplexa diante dessa terrível paz dos vencedores, que terminará bem para Israel, porém nunca para os israelenses."
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