Premiê tunisiano ameaça renunciar
10 de fevereiro de 2013A crise governamental precipitada pela morte de um líder oposicionista na Tunísia se agrava. O primeiro-ministro Hamadi Jebali anunciou que pretende entregar o cargo, caso o parlamento impeça a reestruturação do gabinete que ele planeja.
Se o fundamentalista islâmico Ennahda e outros partidos rejeitarem suas propostas para um governo interino formado por peritos independentes, ele renunciará, declarou Jebali à televisão francesa neste domingo (10/02). O partido Congresso para a República (CRP), do presidente Moncef Marzouki, de orientação laica, já retirou seus três ministros do gabinete.
Indignação pela morte de Belaid
Jebali, que pertence à ala moderada do Ennahda, pretende apresentar até meados da próxima semana, o mais tardar, o gabinete de tecnocratas encarregado de reger o país até as próximas eleições. O plano encontra resistência, tanto do próprio partido do premiê, quanto dos demais parceiros da coalizão governamental, duas agremiações menores, não fundamentalistas.
Com essa proposta de reformulação, Hamadi Jebali tenta responder aos violentos protestos de massa que há dias abalam o país norte-africano, desencadeados pelo assassinato do líder de oposição Chokri Belaid, no dia 6 de fevereiro. Repetidamente, este se pronunciara de maneira crítica sobre o Ennahda, advertindo contra a violência dos extremistas muçulmanos.
Numerosos tunisianos atribuem ao Ennahda o atentado contra Belaid. Sua morte aprofundou ainda mais o abismo entre os cidadãos religiosos e não religiosos do país. Neste sábado, milhares de adeptos do partido fundamentalista foram às ruas, a fim de demonstrar sua solidariedade. Na véspera, milhares de pessoas haviam participado do funeral de Chokri Belaid na capital Túnis.
AV/dpa/apd/rtr
Revisão: Clarissa Neher