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Presidente da DaimlerChrysler enfrenta ira dos acionistas

Neusa Soliz8 de abril de 2004

Jürgen Schrempp foi confirmado na presidência da DaimlerChrysler, após enfrentar duras críticas na assembléia geral. Depois que a Chrysler quase afundou a montadora, agora há problemas também com a Mitsubishi Motors.

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Jürgen Schrempp confrontado com as dificuldades da expansão da montadoraFoto: AP

Em uma turbulenta assembléia geral realizada nesta quarta-feira (07), em Berlim, a maioria dos dez mil acionistas da DaimlerChrysler presentes acabou aprovando a prestação de contas da diretoria, isentando-a de responsabilidade.

Isso apesar das duras críticas aos executivos, especialmente o presidente da montadora, Jürgen Schrempp. A aprovação, porém, por uma maioria de 88,4% foi bem inferior à do ano passado (99,4) - um reflexo do descontentamento. Não obstante, o conselho administrativo prolongou o contrato de Schrempp até 2008.

Destruidor de capital

Pequenos acionistas e, desta vez também os gerentes de fundos de investimentos, criticaram a estratégia global da direção da empresa, diantes das dificuldades enfrentadas com a Chrysler e agora com a Mitsubishi. Nos últimos cinco anos, desde a compra da montadora americana, a ação da DaimlerChrysler teve uma desvalorização de 47%. Uma comparação com o êxito da BMW, que conseguiu valorizar sua ação em 49%, exprime a dimensão do fracasso.

A DaimlerChrysler teve seu valor reduzido em 40 bilhões de euros, pelo que Jürgen Schrempp foi chamado por um acionista de "o maior destruidor de capital da Alemanha". A Associação de Proteção aos Acionistas (SdK) encaminhou uma proposta de resolução para se negar a isenção de responsabilidade à diretoria.

Mais bilhões para a Mitsubishi

Além das falhas no saneamento da Chrysler, os acionistas ficaram alarmados com a situação precária da Mitsubishi Motors, na qual a montadora com sede em Stuttgart tem uma participação de 37%. Recentemente, círculos empresariais divulgaram que a Mitsubishi precisaria de uma injeção de capital de 5,5 bilhões de euros. A soma seria empregada na redução das dívidas, no saneamento da empresa e em novos modelos.

Chrysler Crossfire in Los Angeles
Modelos novos da Chrysler chegam em Los Angeles. A montadora americana acabou se tornando um pesadelo para o grupo de StuttgartFoto: AP

O prolongamento do contrato de Schrempp e os salários da diretoria da DaimlerChrysler, que somam 40 milhões de euros, também foram questionados. As críticas não se voltaram apenas contra o presidente da montadora, mas também contra o presidente do conselho administrativo, Hilmer Kopper, que durante muitos anos foi o porta-voz do Deutsche Bank.

Sobrou também para o Deutsche Bank

O Deutsche Bank (12%) e investidores do Kuweit são os maiores acionistas da DaimlerChrysler. Schrempp e Kopper são muito amigos, segundo o Financial Times Deutschland, que critica a dominância do Deutsche Bank no controle empresarial da DaimlerChrysler. O diário atribui o "declínio" da empresa a "muitos anos de má administração" e diz que os acionistas já deveriam ter tirado o controle da montadora das mãos do maior banco alemão há muito tempo.

Michael Schneider, gerente do Deka Invest, recusou-se a isentar da responsabilidade o presidente do conselho administrativo, Hilmar Kopper, a quem acusou de um controle deficiente. Ele criticou ainda os prognósticos da empresa, cuja qualidade deixaria a desejar.

Falhou o alarme

Para Klaus Kaldemorgen, gerente do fundo DWS, do Deutsche Bank, a DaimlerChrysler reagiu muito tarde aos erros e problemas. "O alarme deixou de funcionar várias vezes na presidência da montadora", declarou em entrevista à versão online do semanário Der Spiegel.

Kaldemorgen teme que os problemas com a Chrysler e a Mitsubihi comprometam o grupo como um todo. Sua avaliação é preocupante: a DaimlerChrysler teria se tornado vulnerável. Riscos da conjuntura ou turbulências monetárias poderiam agravar rapidamente sua situação e levar ao fracasso a estratégia expansionista de Schrempp.

Schrempp defende-se

O presidente Jürgen Schrempp mostrou uma convicção inabalável em sua estratégia para transformar a fabricante das Mercedes em um global player. Apesar das atuais dificuldades, "não se deve perder a visão do todo. Quando temos um problema operacional, não é o caso de mudar a estratégia", afirmou.

A expectativa é um de um leve aumento do lucro, que foi de 5,1 bilhões de euros no ano passado. Em 2005 e 2006, a empresa espera "uma melhora significativa", quando todos os novos modelos estiverem no mercado. A Chrysler estaria "bem equipada" para o futuro.

Suas vendas vem aumentando há cinco meses, o balanço do primeiro trimestre foi positivo e ela deve dar lucros este ano. Quanto à Mitsubishi, o presidente disse apenas que especialistas estariam examinando se a DaimlerChrysler vai participar do aumento de capital, e com que importância.