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Crise da dívida

20 de outubro de 2011

Enquanto França e Alemanha debatem acordo que possa expandir a proteção oferecida pelo fundo de resgate da zona do euro, os protestos contra os planos de austeridade chegam ao segundo dia na Grécia.

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Sarkozy chega a Frankfurt para discutir crise da dívidaFoto: dapd

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, encontraram-se na noite desta quarta-feira (19/10) para discutir a expansão do fundo de resgate europeu. Enquanto isso, manifestantes tomaram as ruas da capital Atenas em resposta a um novo pacote de austeridade.

Reunidos em Frankfurt, os chefes de governo da França e da Alemanha debateram maneiras de alavancar o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), a fim de aumentar seus recursos para bem mais do que os atuais 440 bilhões de euros. As discussões sobre a crise impediram Sarkozy de ver o nascimento de sua primeira filha com a cantora Carla Bruni.

A França quer que o FEEF seja transformado em um banco, para que possa ter acesso a fundos do Banco Central Europeu (BCE). Porém, tanto o BCE quanto a Alemanha estão céticos com relação à sugestão francesa.

Também participaram da reunião em Frankfurt Jean-Claude Trichet, presidente demissionário do BCE; Mario Draghi, sucessor de Trichet; Herman van Rompuy, presidente do Conselho da União Europeia; José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia; Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI); e os ministros das Finanças da Alemanha e da França, Wolfgang Schäuble e François Baroin.

"Achamos que a melhor solução é que o fundo tenha uma licença bancária com o Banco Central, mas todo mundo conhece a relutância do Banco Central", disse Baroin. "Todo mundo também conhece a relutância da Alemanha", completou.

Streik und Proteste gegen Sparpaket in Griechenland Flash-Galerie
Greve e protestos contra medidas de austeridade tomaram as ruas de AtenasFoto: dapd

Protestos em Atenas

Enquanto Merkel e Sarkozy encontravam-se em Frankfurt para chegar a um plano antes da cúpula de líderes europeus no domingo, mais de 100 mil pessoas estavam nas ruas de Atenas em protesto contra os planos de austeridade do governo grego.

Parte dos manifestantes atiraram pedras e coquetéis molotov contra as forças de segurança, que reagiram com bombas de gás lacrimogêneo. Os manifestantes também tocaram fogo em pneus e lixeiras. O confronto deixou inúmeros feridos.

O segundo dia de greve geral foi posto em prática nesta quinta-feira na Grécia. Novamente milhares de manifestantes se deslocaram para as imediações do Parlamento, onde prossegue a votação do pacote de austeridade.

O pacote foi aprovado por uma apertada maioria pelo Parlamento grego na noite desta quarta-feira e deverá passar também pela votação desta quinta. As medidas incluem novos aumentos de impostos e mais cortes salariais e de pensão.

A chamada troika – que reúne especialistas do BCE, do FMI e da Comissão Europeia – fez da aprovação das medidas de austeridade uma condição para a Grécia receber sua próxima parcela de ajuda financeira. Sem créditos internacionais, é possível que o país não consiga pagar salários e pensões já em novembro.

"Temos que explicar a todas essas pessoas indignadas, que veem suas vidas mudar, que o que o país está vivendo não é o pior estágio da crise", disse o ministro das Finanças grego, Evangelos Venizelos. "É um esforço necessário para evitar o estágio mais profundo e difícil da crise", considera. "A diferença entre uma situação difícil e uma catástrofe é imensa."

Ansiedade e inquietação

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Zoellick teme que crise chege a países em desenvolvimentoFoto: dapd

Enquanto isso, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, afirmou que os protestos nos Estados Unidos contra Wall Street e os movimentos semelhantes que vêm ocorrendo pela Europa contra grandes bancos e contra os mercados financeiros refletem incertezas sobre a situação econômica atual. "Há uma ansiedade, uma inquietação", disse Zoellick em discurso na Universidade de Michigan.

Apesar de os problemas agora permanecerem em grande parte centrados em países ocidentais altamente endividados, Zoellick mostrou-se preocupado com a possibilidade de a crise se espalhar para os países em desenvolvimento, que impulsionam um crescimento global.

Os ministros das Finanças dos 17 países da zona do euro se reunirão em Bruxelas nesta sexta-feira. No sábado, todos os ministros das Finanças e do Exterior dos 27 Estados da UE participarão das discussões. No domingo, os chefes de Estado e de Governo da UE tentarão, então, chegar a uma solução para a crise.

Autor: Spencer Kimball (lpf)
Revisão: Alexandre Schossler