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Reino Unido acirra campanha contra a independência da Escócia

27 de abril de 2014

Após mais de 300 anos de união, escoceses opinam sobre separação do Reino Unido em referendo marcado para setembro. Governo em Londres faz campanha para reverter o avanço nacionalista entre o eleitorado escocês.

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Schottland Unabhängigkeit von Großbritannien
Foto: picture-alliance/dpa

O governo britânico decidiu intensificar a campanha contra o referendo sobre a independência da Escócia, marcado para o dia 18 de setembro. Nesta semana, o secretário-chefe do Tesouro britânico, Danny Alexander, irá a Edimburgo tentar "desfazer mitos" que cercam as reivindicações feitas pelos defensores da separação.

Em nota divulgada neste domingo (27/04), o Tesouro britânico declarou que Alexander dirá que as suposições do governo escocês sobre as receitas do petróleo são demasiado otimistas e acusará o governo em Edimburgo de falhar na avaliação do impacto do envelhecimento da população escocesa sobre as finanças do país.

Diante do referendo sobre a independência em setembro, a campanha do governo britânico para manter intacta a união de 307 anos com a Escócia luta para assegurar a vantagem que tem sobre os nacionalistas escoceses. Essa vantagem, no entanto, vem caindo nos últimos meses. Para os grupos pró-separação, a independência daria mais liberdade à Escócia para criar uma nação mais justa e próspera.

Entrada na UE

Os nacionalistas acusam Londres e seus apoiadores escoceses de empreender uma campanha de medo em torno da moeda, da adesão à União Europeia e das finanças públicas a fim de forçar os 5,3 milhões de escoceses a permanecer no Reino Unido. O Tesouro britânico afirmou que seus funcionários passaram meses analisando o possível impacto da independência da Escócia sobre a economia e que publicará os resultados nas próximas semanas.

Schottland Unabhängigkeit von Großbritannien Alex Salmond
No ano passado, primeiro-ministro Alex Salmond apresentou propostas para a independência da EscóciaFoto: Reuters

Caso decidam pela independência, o governo da Escócia anunciou querer entrar na União Europeia. No entanto, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, afirmou no início do ano que a dificuldade de acesso de um novo Estado ao bloco, como pode vir a ser o caso da Escócia, está relacionada com a aprovação da adesão por parte de todos os países-membros da UE.

O governo escocês já declarou também que a UE não poderá obrigar a Escócia – no caso de uma adesão ao bloco europeu – a adotar o euro, sublinhando que seria viável à possível nova nação manter a libra esterlina, uma opção que já foi negada por Londres.

Maioria ainda contra separação

Pesquisas mostram que o apoio à independência escocesa está crescendo. Em meados de abril, uma pesquisa do instituto de opinião pública TNS apontou que 29% dos escoceses têm a intenção de dizer "sim" à separação da Escócia do Reino Unido no referendo de 18 de setembro. O índice representa um aumento de um ponto percentual em relação ao mês anterior.

No entanto, a mesma pesquisa registrou que 41% dos entrevistados devem dizer "não" à separação, enquanto 30% ainda estão indecisos. Desde que a primeira pesquisa foi realizada, em setembro do ano passado, a diferença entre os votos contrários e favoráveis à independência diminuiu em sete pontos percentuais, com registro de avanço dos nacionalistas.

O número de escoceses dispostos a votar cresceu desde então – de 65% contra 74% na atual pesquisa. Segundo o diretor do Instituto TNS na Escócia, Tom Costley, isso demonstra a "tomada de consciência sobre a importância do referendo." Costley sublinhou ainda que "grande parte dos indecisos declarou ter intenção de votar e que a campanha deverá ter bastante influência sobre o resultado final."

Prós e contras

Cinco meses antes do referendo, Londres e Edimburgo empreenderam uma ofensiva pelos votos dos escoceses. Neste mês, em Aberdeen, bastião da indústria petroleira na Escócia, o chefe de Governo escocês, Alex Salmond, fez campanha pelos votos dos eleitores do Partido Trabalhista, no congresso do seu Partido Nacional Escocês (SNP, na sigla em inglês).

Schottischer Whisky
Para além do uísque: petróleo e gás do Mar do Norte trouxeram certo renascimento econômico à EscóciaFoto: Getty Images

O Partido Trabalhista britânico, da oposição, assim como a coalizão de governo formada por conservadores e liberal-democratas do Reino Unido, rejeita uma separação da Escócia.

Na última quarta-feira, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, marcou o Dia de São Jorge, comemorado nacionalmente em 23 de abril, com um apelo aos escoceses para continuar a fazer parte da "maior família de nações do mundo."

"Em apenas cinco meses, o povo da Escócia irá às urnas decidir se querem continuar a fazer parte desta história de sucesso global. Então, vamos provar que podemos ser orgulhosos de nossos distintos países e assumir o compromisso pela união das nações", disse Cameron.

História centenária

Atualmente, a Escócia possui o seu próprio Parlamento com sede em Edimburgo. Isso remonta a uma história de mais de 400 anos. Em 1603, após a morte de Elizabeth 1°, James 6° da Escócia sucedeu ao trono inglês como James 1°. Em 1707, as Leis de União uniram formalmente a Escócia com a Inglaterra e o País de Gales em Grã-Bretanha. Em consequência, o Parlamento da Escócia se fundiu com o Parlamento inglês, sediado em Londres.

Durante a Revolução Industrial, a Escócia transformou-se numa das potências comerciais e industriais da Europa. Após a Segunda Guerra Mundial, porém, a economia escocesa entrou em declínio.

Nos últimos anos, o país vem passando por um renascimento econômico através do setor de serviços e do dinheiro proveniente do petróleo e gás do Mar do Norte. Após um referendo em 1997, o Parlamento da Escócia foi restaurado por meio da Lei da Escócia de 1998, que devolveu algumas competências legislativas ao país.

CA/rtr/dpa/lusa/afp