Cúpula encerrada
19 de maio de 2010A 6º Cúpula entre União Europeia, América Latina e Caribe chegou ao fim com vários resultados concretos. Entre eles, está a assinatura de acordos comerciais com a Colômbia e o Peru; alguns novos projetos com o México, um parceiro estratégico; o lançamento de um fundo de investimentos para a América Latina; a criação de uma Fundação Euro-Latino-Americana, que cuide dos laços culturais e inclua a sociedade civil e o empresariado.
Também foi assinado um acordo de fundos para a reconstrução do Haiti e foram reabertas as negociações para um acordo de associação com o Mercosul. "Anos de trabalho duro estão por trás desses resultados concretos", disse o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durao Barroso, em sua declaração final.
Visão multilateral
Sobre os acordos com a União Europeia, a presidente argentina, Cristina Fernandéz, que representava o Mercosul, falou em flexibilidade e alertou que "o mundo já mudou e as instituições que temos até o momento são ainda do pós-guerra".
Ela exige uma compreensão multilateral do mundo, acentuando que a América Latina emerge com muita força. Por fim, expressou na coletiva de imprensa final o que vinha declarado nas entrelinhas: a Argentina exige que o Reino Unido cumpra a resolução das Nações Unidas quanto à soberania das ilhas Malvinas. "Se entendemos que o mundo mudou, e isso é mais que um mero discurso, então poderemos chegar a um bom resultado, com o qual ambas as partes sintam que estejam ganhando."
Meio ambiente e novas tecnologias
Diversos projetos bilaterais e multilaterais sobre meio ambiente foram negociados, assim como foram assinados diversos outros sobre inovação tecnológica. O ministro brasileiro de Planejamento, Paulo Bernardo, e o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Luis Alberto Moreno, anunciaram um fundo para a "economia do conhecimento", que dará um impulso renovado a novas tecnologias e à comunicação de banda larga.
América Latina: melhor preparada para a crise
É improvável que a crise da moeda europeia – tema muito presente na cúpula – contagie a América Latina e o Caribe, declarou Luis Moreno. O crescimento das economias do continente, que ultrapassou os 4%, e "as 20 crises que sofreram nos últimos 25 anos deixaram a economia latino-americana mais flexível e, por isso, tornaram a região mais preparada", afirmou.
"A UE começou como uma associação em torno do carvão e do aço", declarou Hermann van Rompuy, presidente do Conselho da União Europeia, que sublinhou que a Europa não quer ensinar nada à América Latina, mas pode contribuir com seu exemplo histórico.
À exceção de Venezuela, Cuba e Nicarágua, todos os líderes latino-americanos e caribenhos estiveram presentes. Porfírio Lobo, presidente de Honduras, como havia sido anunciado, só assistiu à assinatura do acordo de associação entre a UE e América Central. "A Costa Rica lamenta muito a ausência de Honduras na cúpula", declarou o ministro do Exterior do país, René Castro.
Reconstrução do Haiti
Para Van Rompuy, Durão Barroso e o primeiro-ministro espanhol, Rodríguez Zapatero, o encontro foi bem-sucedido. Ao final, os líderes ainda anunciaram: "Num compromisso de solidariedade, disponibilizamos um fundo de 300 milhões de euros para a infraestrutura da qual necessita o Haiti".
O primeiro-ministro do Haiti, Jean Max Bellerive, anunciou uma conferência para marcar um recomeço no Haiti e determinar – em conjunto com as organizações e a comunidade internacional – o direcionamento dos fundos colocados à disposição do país caribenho depois do terremoto que matou 250 mil pessoas.
Trata-se de aproximadamente 10 bilhões de dólares a serem investidos ao longo de dez anos, concluiu Bellerive, apoiado pelo presidente da República Dominicana, Leonel Fernández. Ambos concordam com os europeus: "A cúpula foi boa e acho que todos saíram satisfeitos", disse à DW-WORLD.
Autora: Mirra Banchón (np)
Revisão: Rodrigo Rimon