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14 de janeiro de 2012O chão treme ao som de fanfarra, raios e relâmpagos iluminam um palco no pavilhão de exposições do Salão de Detroit. Em seguida, o novo Volkswagen Jetta em versão híbrida aparece por detrás de uma cortina e, logo atrás, vê-se um protótipo do E-Bugster, modelo elétrico da marca alemã, que mais parece um fusca aplainado.
O presidente da montadora alemã, Martin Winterkorn, mostra-se radiante ao anunciar o recorde de vendas no mercado dos EUA. No dia anterior, o presidente da Daimler, Dieter Zetsche, havia apresentado o novo modelo SL da empresa de Stuttgart, anunciando também ótimos números de vendas. O mesmo acontece nos estandes da Audi, Porsche e BMW.
Aparentemente, nos últimos anos, os fabricantes alemães têm feito tudo certo. Os negócios estão crescendo não somente nos EUA. As montadoras alemãs relatam bons números de vendas também na Ásia, principalmente na China. Mas como será o futuro?
A vez do híbrido
As vendas de veículos com tração híbrida ainda continuam muito boas, tanto na Ásia quanto nos EUA. Aparentemente, na Europa, esses veículos são menos populares. De qualquer maneira, o crescimento da economia europeia é menor que em muitos países emergentes.
Mas é ainda nos EUA onde muitas montadoras registram a maior parcela de vendas. Ali, automóveis com motor híbrido estão cada vez mais populares. E esse tipo de automóvel está presente no portfólio de muitas montadoras.
Novos veículos elétricos
Em Detroit, estão presentes marcas completamente novas, cujos automóveis são movidos, exclusivamente, por motor elétrico, como o Coda, de uma marca homônima da Califórnia. O sedã tem uma autonomia de até 150 milhas (cerca de 240 quilômetros) e um custo de aproximadamente 38 mil dólares. As vendas devem se iniciar no próximo mês de fevereiro.
A princípio, Coda planeja a instalação de centros de atendimento aos clientes somente na Califórnia. Gradualmente, a distribuição se expandirá para o restante da América do Norte. Em 2014, Coda pretende conquistar o mercado europeu.
Uma desvantagem competitiva nos carros elétricos Coda é o design – ele é antiquado e monótono. Partes da carroceria são fabricadas na China. A montagem do veículo é feita na Califórnia, sob a supervisão de um engenheiro alemão. O Coda tem algumas vantagens tecnológicas. No inverno, as baterias não esfriam muito, evitando que o carro fique parado na estrada.
Muito mais elegante, porém bem mais caro (custa 70 mil dólares), é o novo modelo da empresa Tesla, também sediada na Califórnia. Na categoria de maior custo, o modelo S da Tesla apresenta, segundo a empresa, uma autonomia de até 300 milhas (pouco mais de 480 quilômetros).
Trem fantasma
Ao todo, no entanto, o interesse por veículos elétricos em Detroit não foi eufórico. Diretamente abaixo do pavilhão de exposição, os fabricantes de automóveis com motor elétrico montaram uma pequena pista de provas. Ali, os visitantes podem dar voltas em qualquer dos carros elétricos.
Como esses carros são muito silenciosos, parece quase assustador ver uma dúzia de protótipos circulando. A pista, todavia, não atraiu o grande público. Os carros elétricos são caros demais. Falta infraestrutura para a recarga rápida e barata do veículo. A autonomia do automóvel é pouca. No futuro, isso poderá mudar, mas a era dos carros elétricos ainda não chegou.
Diesel - mas não nos EUA
No caso de automóveis a diesel, a situação é bastante diferente na Europa e em muitas partes do mundo. As suas vendas aumentam à medida que a gasolina fica mais cara. Tradicionalmente, os fabricantes alemães constroem motores a diesel relativamente econômicos e muito potentes. Não foi à toa que a indústria automotiva alemã anunciou em Detroit que iria agora conquistar também o mercado norte-americano com seus carros a diesel.
Ainda não se sabe, todavia, se os alemães serão bem-sucedidos. Até o presente, os norte-americanos se mostraram bem reservados em relação a automóveis a diesel. Há ainda cidades menores, onde postos de gasolina vendem tudo, exceto diesel.
Reduzindo o tamanho
O grande apreço dos norte-americanos por seus veículos utilitários pouco mudou. A gasolina nos EUA ainda é relativamente barata. Audi, BMW e Daimler estão bem posicionadas nesse segmento. No Salão de Detroit, as montadoras apresentam modelos um pouco menores de SUVs. Já ficou claro que as fabricantes alemãs farão bons negócios. Porque os americanos apreciam automóveis alemães – principalmente quando são montados em unidades de produção norte-americanas.
No Salão do Automóvel de Detroit foi anunciado que a Daimler, BMW e Volkswagen irão continuar expandindo sua capacidade de produção nos EUA. A Audi também planeja instalar uma fábrica em solo norte-americano. Ainda não se sabe onde – uma decisão que a montadora de Ingolstadt pretende tomar ainda em 2012.
O Salão do Automóvel de Detroit fica aberto até 22 de janeiro.
Autor: Miodrag Soric (ca)
Revisão: Marcio Damasceno