Tecnologia
1 de setembro de 2008Quem quiser trabalhar na empresa RapidEye não deve somente dominar o inglês, mas também ter boa condição física. Um sistema de antenas com alguns metros de altura forma, juntamente com o computador servidor, o coração da empresa.
As antenas se localizam na cobertura do prédio e só podem ser alcançadas através de uma escada metálica íngreme e uma abertura na laje de coberta. A antena envia novos comandos para os satélites em órbita sempre que estes estão em posição de alcance.
Mas, primeiramente, os cinco satélites do tamanho de um refrigerador tiveram que ser lançados no espaço a bordo de um foguete intercontinental russo, na última sexta-feira (29/08), da base de Baikonur, no Cazaquistão.
Servidor de informações geográficas
RapidEye é uma assim chamada fornecedora de informações geográficas. Por trás do complexo conceito está um time de geólogos, geoinformáticos e engenheiros agrimensores, capazes de ler informações a partir das diferentes cores espectrais das fotos dos satélites como se estivessem lendo um livro.
Seu chefe chama-se Frederic Jung-Rothenhäusler, diretor da divisão de desenvolvimento. Os dados obtidos no espaço, explicou, são combinados com informações já existentes. Com a ajuda de computadores, é possível saber quanta batata ou quanto trigo, por exemplo, está sendo plantado no estado de Brandemburgo, ou em qualquer outra parte da Terra.
Necessidade de mais adubo
Em três meses, os cinco satélites lançados pela RapidEye deverão chegar a sua posição final. A partir daí, o quinteto contornará a Terra diversas vezes por dia. Assim, num espaço muito pequeno de tempo, grandes áreas de qualquer parte do planeta poderão ser fotografadas em alta resolução.
Trata-se de uma novidade de interesse não somente de agricultores, mas também de grandes empresas alimentícias. Alimentos estão em falta e são cada vez mais caros. Aumenta assim a importância de informações sobre onde algo está sendo plantado, onde há outras áreas disponíveis de plantio, onde há quedas na colheita ou onde há necessidade de mais adubo.
Levantamento de perdas para seguradoras
Seguradoras agrícolas também pertencem ao rol de clientes da RapidEye, como afirmou o chefe da divisão de marketing da empresa, Michael Prechtl. Elas se interessam por mudanças nas lavouras seguradas.
Estas são permanentemente observadas e, se acontece alguma perda, as fotos anteriores ao acontecimento são comparadas com as posteriores ao prejuízo. O resultado é transmitido ao cliente.
O time do setor de distribuição trabalha intensamente no aumento do número de clientes. Se tudo correr bem, a empresa passará a dar lucro já em 2008. Foram investidos 160 milhões de euros na RapidEye.
Um terço desta quantia foi subsidiado pelo estado de Brandemburgo e pelo Centro Aeroespacial Alemão (DLR). O resto foi levantado através de empréstimos bancários. Através de sua contribuição, o DLR assegurou o acesso às fotos de satélite.
São faladas 23 línguas diferentes
O Centro Aeroespacial Alemão quer agora colocá-las à disposição de instituições de pesquisas alemãs. Por seu lado, o incentivo do estado de Brandemburgo fez com que a sede da empresa se fixasse na cidade de Brandemburgo, localizada a 70 quilômetros de Berlim. No momento, 90 funcionários trabalham no local. Cerca de dois terços destes moram, no entanto, em duas outras cidades próximas, Potsdam e Berlim.
A maioria dos funcionários é especialista em sua área e não é fácil de encontrar na Alemanha. Por este motivo, eles vêm de todas as partes do mundo, da Albânia a Taiwan, passando por Romênia, Espanha, Rússia e Itália até Brasil e Argentina.
Na RapidEye são faladas 23 línguas diferentes, o que beneficia principalmente o setor de distribuição. Quer quiser fazer negócios no mundo todo, deve fazê-lo na língua de cada país, explicou Prechtl. O inglês é suficiente para a comunicação interna. A língua tem que ser dominada até mesmo pelo pessoal da cantina e pelo zelador.