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Cameron sob pressão

12 de dezembro de 2011

Após o controverso "não" em Bruxelas, premiê britânico afirma ter tomado "a decisão correta para o Reino Unido". Sob duras críticas, Cameron disse ter respondido de "boa-fé" a sugestões franco-alemãs.

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Cameron: explicações em LondresFoto: picture alliance/empics

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, justificou nesta segunda-feira (12/12) diante da Câmara dos Comuns em Londres seu veto à mudança dos tratados que regem a União Europeia (UE). O posicionamento de Cameron na cúpula em Bruxelas na última sexta-feira (9/12) contra uma maior disciplina orçamentária suscitou críticas na Europa e no próprio Reino Unido.

"Fui a Bruxelas com o objetivo de proteger os interesses nacionais do Reino Unido e foi isso que fiz", disse o premiê sob aplausos dos deputados de seu Partido Conservador. O político assegurou que havia tentado um acordo com a participação dos 27 Estados-membros do bloco com base nas propostas franco-alemãs, mas "com as salvaguardas necessárias ao Reino Unido".

O veto de Cameron veio, portanto, após a recusa dos demais Estados-membros em aprovar as medidas de exceção para o mercado financeiro britânico. "Essas garantias para um mercado comum e prestadores de serviços financeiros foram modestas, razoáveis e relevantes. Não tentamos negociar uma vantagem injusta para o Reino Unido", afirmou Cameron.

Para o premiê, os mercados financeiros necessitam de segurança, mas também de livre concorrência. "Quem diz que protegemos os bancos não poderia estar mais equivocado."

Com o fracasso da desejada mudança dos tratados da UE com a participação dos 27 membros da UE, os 17 países da zona do euro tiveram de acertar sozinhos um pacto orçamentário.

Críticas em casa

Após o "não" na cúpula de Bruxelas, o conservador Cameron enfrenta agora uma crise em sua coalizão de governo. Seus parceiros liberal-democratas o acusam de isolar o Reino Unido na UE.

Nick Clegg, vice-primeiro-ministro e membro do Partido Liberal Democrata, declarou estar "amargamente desapontado" com a postura assumida por Cameron. Clegg não compareceu à Câmara dos Comuns nesta segunda-feira.

Ed Milliband, líder do Partido Trabalhista, da oposição, também acusou Cameron de "decepcionar o país" em Bruxelas. "Temos que lamentar o dia em que o primeiro-ministro tomou essa decisão", disse.

UE após o veto

Cameron garantiu que seu governo vai continuar trabalhando com os outros 26 Estados da UE. Ele também negou a afirmação, feita por outros representantes de governo, de que o Reino Unido poderia tentar impedir os outros países da UE de utilizar as instituições do bloco para a implementação da união fiscal aprovada sem Londres na última sexta-feira.

O Reino Unido tem um papel central na UE e desempenha tarefas significativas em muitos âmbitos, declarou Cameron nesta segunda-feira. Segundo o premiê, o país está, por exemplo, à frente da luta contra piratas e de outras missões do bloco. "Estamos na União Europeia e isso é o que queremos", assegurou.

LPF/afp/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer