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Museu de falsificações

Rodrigo Rodembusch23 de janeiro de 2009

Uma fatia considerável do comércio mundial é constituída por cópias e falsificações que provocam impacto negativo para quem produz e para quem compra. Na cidade de Solingen, há um museu especializado no assunto.

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No museu Plagiarius é possível acompanhar o desenvolvimento da arte da falsificaçãoFoto: picture-alliance/dpa

É um museu cheio de falsificações. Mesmo assim, o visitante não se sente roubado por estar cercado de cópias pirateadas. Estamos falando do Plagiarius, um museu dedicado à arte da pirataria. O tema, comum a quase todos os cidadãos do planeta, recebe uma roupagem diferente – apesar da seriedade do tema, e diverte os visitantes em Solingen, no estado da Renânia do Norte-Vestfália.

Se até mesmo especialistas têm dificuldade em diferenciar uma cópia de um produto original, passear pelo Plagiarius é andar num grande quebra-cabeça. Na antiga estação central de trem da cidade, os curiosos podem observar o plágio na indústria, ou melhor, a pirataria de produtos. Mais de 250 itens originais, tendo ao lado suas cópias, mostram o refinamento da falsificação ao longo do tempo.

Plagiarius Competition
No museu Plagiarius é difícil distinguir o original da cópiaFoto: Action Plagiarius

O produto falsificado copia tudo do original: embalagem, cores, formas, até a logomarca. Há tempos que as marcas famosas e cobiçadas deixaram de ser os maiores alvos desses piratas do século 21: o atual leque de opções vai de eletrodomésticos a motosserras.

O melhor da pirataria

Em 1977, o professor Rido Busse viu o seu trabalho copiado por uma empresa japonesa e decidiu chamar a atenção, entregando um prêmio à empresa que o copiou. O produto pirata custava seis vezes menos e era de pior qualidade. Assim nasceu o Aktion Plagiarius, um grupo sem fins lucrativos que pretende sensibilizar e informar as pessoas sobre o problema.

O prêmio propriamente dito é um duende pintado de preto e com o nariz dourado, em referência aos ganhos ilícitos a partir da imitação de produtos. Concorrem à distinção firmas consideradas culpadas pelo júri de fazerem as cópias mais "descaradas". Entre os produtos vencedores figuram torneiras, capacetes e parafusos.

Zwerg "Plagiarius"
O duende de nariz dourado é o prêmio para a melhor cópia pirataFoto: picture-alliance/ dpa

Estudiosos admitem não haver desenvolvimento sem que se recorra a padrões, regras e idéias já existentes. Entretanto, o que conta é a vontade de fazer algo inovador e distinto do modelo original. E, essa busca, o museu Plagiarius mostra que não existe entre os falsificadores. E todos conhecem as consequências de adquirir um produto pirata.

Números alarmantes

As perdas anuais com a pirataria somam, no mundo, mais de 300 bilhões de euros. Em relação a postos de trabalho, são 200 mil empregos a menos por ano. O museu é um local de contemplação por natureza, mas em Solingen o contemplativo fica em segundo plano, já que a intenção é alertar para o delito, cada vez mais comum.

Em 1929, mercado alemão conheceu um produto inovador: o lenço de papel. A marca Tempo ficou tão famosa que, hoje, a palavra significa todo o universo de lenços de papel existentes à venda. Desde a introdução no mercado de Hong Kong, nos anos 1960, e na China, no fim dos anos 1990, a marca enfrenta um processo de falsificação nunca antes visto.

Esta e outras histórias podem ser conferidas no museu. Depois de tudo isso, não se preocupe, você não está sendo enganado: está realmente pagando para ver falsificação.