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Teddy Awards celebra a diversidade sexual no Festival de Berlim

18 de fevereiro de 2012

Longa americano sobre um casal homossexual, um curta-metragem peruano e um documentário sobre um ativista africano foram os grandes vencedores do Teddy Awards 2012. Temática gay tem destaque cada vez maior em Berlim.

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Foto: www.wandavision.com

Com uma presença cada vez maior no Festival Internacional de Cinema de Berlim, os filmes com temática GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros) foram celebrados na noite de sexta-feira (17/02) com a entrega do Teddy Awards.

Em 2012, mais de 10% dos filmes exibidos na Berlinale tratavam de temas relacionados ao universo GLBT. Um total de 23 longas de ficção, 12 documentários e 11 curtas-metragens.

O festival mostrou neste ano seus primeiros filmes com a temática vindos de países como o Vietnã (Lost in Paradise) e Sérvia (Parada). Outro destaque foi o primeiro filme com tema homossexual da Indonésia. Children of Srikandi faz um retrato pessoal de oito mulheres (lésbicas, bissexuais e trans) na maior nação islâmica do mundo.

TEDDY 22 Queer Film Award 2008 Filmpreis Teddy
O troféu do Teddy AwardsFoto: Barbara Dietl

Uma ausência notável na premiação foi o prefeito de Berlim, Klaus Wowereit. Grande apoiador da causa e homossexual assumido, Wowereit não pôde comparecer, pois estava no Vaticano acompanhando a nomeação do arcebispo de Berlim, Rainer Maria Woelki, a cardeal.

Contra a “transfobia”

Com o lema “transrespect versus transfobia”, um dos principais temas discutidos esse ano foi o respeito aos transexuais, que vivem o preconceito também dentro de alguns setores da comunidade GLBT.

Segundo o criador do Teddy e diretor da sessão Panorama, Wieland Speck, isso foi um reflexo natural de tópicos tratados nos filmes que concorriam ao Teddy nesse ano. “A humanidade ainda não consegue lidar com o fato de que não somos apenas divididos entre homens e mulheres”, completou Speck.

Berlinale Filmfestspiele 2012 Filmszene KEEP THE LIGHTS ON
"Keep the lights on", romance e drogas em Nova YorkFoto: Jean Christophe Husson

Exemplos como esse servem como alerta, mas também mostram que em algumas regiões do mundo os transexuais já ganharam espaço e tiveram sua causa reconhecida. No final de 2011, o Parlamento Europeu incluiu perseguições com base em identidade de gênero como um dos motivos para a solicitação de asilo no continente. A Argentina também aprovou uma lei garantindo direitos e obrigando os seguros de saúde a cobrirem tratamentos relacionados à questão.

Divas da noite

Uma das grandes homenageadas da noite foi a cineasta alemã Ulrike Ottinger. Desde o início de sua carreira, nos anos 70, ela se tornou um ícone da emancipação cultural no cinema alemão. Filmes como Laokoon und Söhne e Madame X foram precursores da cultura Punk. Seu trabalho levou o ser humano convencional a novas formas, onde o dualismo entre homem e mulher ou branco e preto parecem, até os dias de hoje, patéticos e datados. Seu trabalho vanguardista faz parte da história da cena cultural berlinense.

Berlinale Filmfestspiele 2012 Filmszene Loxoro
"Loxoro", de Claudia Llosa, foi eleito o melhor curtaFoto: Berlinale

Mario Montez foi a grande estrela drag queen do underground nova-iorquino do começo dos anos 60 até o meio da década de 70. Ela foi musa do diretor Jack Smith, o que a levou a trabalhar com a lenda da arte pop Andy Wahrol. Nos anos 70, o brasileiro Hélio Oiticica dedicou uma série de projetos a Montez, que se aposentou alguns anos depois. Sua figura renasceu com a restauração dos filmes de Smith no final da década de 90. A estrela estava visivelmente emocionada ao receber o reconhecimento por sua carreira.

Os vencedores

O grande vencedor da noite foi Keep the lights on do americano Ira Sachs, que mostra o romance entre um dinamarquês e um americano viciado em drogas em Nova York. Na categoria curta-metragem, o peruano Loxoro, de Claudia Llosa, levou o prêmio. A diretora, que ganhou o Urso de Ouro em 2009 por A teta assustada, voltou ao festival com um curta sobre a relação entra uma mãe e filha transexuais.

Berlinale Filmfestspiele 2012 Filmszene Panorama
O sérvio "Parada" ganhou o prêmio de públicoFoto: Berlinale

O prêmio de público foi para o sérvio Parada. Um inesperado sucesso em seu país de origem, com mais de meio milhão de expectadores em uma das regiões mais homofóbicas da Europa. O diretor do filme, Srdjan Dragojevic, convocou os presentes a apoiarem a parada gay de Belgrado em 2012, já que no ano passado o evento foi cancelado pelas autoridades por medo da violência.

Selecionado entre os três finalistas, o documentário brasileiro Olhe para mim de novo não levou o troféu, que ficou com Call me kuchu, das americanas Malika Zouhali-Worrall e Katherine Wright. O filme investiga a vida e a violenta morte de David Kato, que lutou nos tribunais de Uganda contra as leis anti-gay vigentes no país.

A premiação ainda contou com performances do duo franco-alemão Stereo Total, da canadense Peaches e da diva gay alemã Marianne Rosenberg.

Autor: Marco Sanchez
Revisão: Marcio Damasceno