Tel Aviv aprova mobilização de 75 mil reservistas
17 de novembro de 2012Acumulam-se os indícios de que Israel esteja preparando uma ofensiva terrestre contra a Faixa de Gaza. Caso isto se confirme, o país terá que aumentar seu contingente de soldados. Na sexta-feira (16/11), o Gabinete Nacional de Segurança criou as condições para tal, ao aprovar a mobilização de até 75 mil reservistas. A notícia foi divulgada pela televisão israelense. Pela manhã, fontes das Forças Armadas haviam mencionado a mobilização de 16 mil reservistas. Segundo um repórter da agência de notícias AFP, bulldozers e caminhões blindados para transportes de tropas se reuniram na fronteira da Faixa de Gaza.
Fontes palestinas comunicaram a morte, na região, de mais um comandante do grupo radical islâmico Hamas. Segundo os informantes palestinos, Ahmed Abu Djalal foi atingido por um míssil israelense no campo de refugiados de Al Mughazi, juntamente com dois de seus irmãos e um vizinho. Antes de Djalal, forças israelenses assassinaram o comandante militar do Hamas, Ahmed al Djabari, na última quarta-feira (14/11).
Alarme aéreo em Jerusalém e Tel Aviv
Os grupos militantes também permanecem ativos em Gaza. Na noite da sexta-feira (16/11), um míssil chocou-se contra um terreno baldio nas proximidades do assentamento de Gush Etzion, a sudeste de Jerusalém. A cidade é sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos.
Um porta-voz do Hamas declarou que a mensagem é breve e simples: em todo o território palestino, não há segurança para nenhum israelense. E acrescentou: "Estamos planejando mais surpresas".
A organização radical divulgou, ainda, a intenção de lançar sobre Israel cargas ainda maiores de mísseis do tipo Fadjr 5, produzidos no Irã. Os projéteis têm um alcance de 75 quilômetros, estando, portanto, aptos a atingir as metrópoles Jerusalém e Tel Aviv.
"Direito á autodefesa"
Na manhã deste sábado (17/11), a Força Aérea israelense renovou os ataques contra alvos na faixa de Gaza. Uma explosão abalou a sede da polícia de Gaza e a central da liderança do Hamas foi severamente bombardeada. Bases menores das forças de segurança da organização foram também atingidas. As autoridades de Gaza registraram, ainda, a destruição de uma mesquita num ataque aéreo.
Desde o início das ofensivas aéreas de Israel, na última quarta-feira, pelo menos 40 palestinos perderam a vida e centenas ficaram feridos. Três israelenses foram mortos por mísseis provenientes da Faixa de Gaza. O total dos ataques com mísseis palestinos alcança quase 350, enquanto as Forças Armadas de Tel Aviv bombardearam mais de 830 alvos palestinos.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netayahu, agradeceu ao presidente estadunidense, Barack Obama, pelo auxílio na construção do escudo antimísseis Iron Dome. Consta que desde a quarta-feira foram interceptados cerca de 200 projéteis lançados de Gaza. Segundo comunicado da Casa Branca, em Washington, desse modo teriam sido salvas as vidas de incontáveis israelenses. Obama aproveitou para enfatizar o direito de Israel à autodefesa.
Alemanha pede cessar-fogo
Enquanto isso, chegam de todas as partes do mundo apelos à moderação no Oriente Médio. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou "para breve" uma viagem à região. Em conversa telefônica com seu colega egípcio de pasta, Kamel Amr, o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, revelou-se extremamente preocupado com escalada da violência na região.
Segundo o político liberal-democrata, tudo deve ser feito para que se defina um cessar-fogo. Um primeiro passo seria a suspensão dos bombardeios a partir de Gaza, acentuou o ministro. Westerwelle apelou ao governo no Cairo para que empregue toda a sua influência sobre a região, bem como sobre o Hamas.
Em visita à Faixa de Gaza, o premiê egípcio, Hisham Kandil, condenou as ofensivas israelenses, anunciando: "O Egito não poupará esforços para dar fim às agressões e obter um cessar-fogo".
Em diversos países do Oriente Médio, aconteceram protestos contra Israel após as preces de sexta-feira. No Irã, dezenas de milhares de pessoas foram às ruas, clamando palavras de ordem como "morte a Israel" e "morte aos EUA". Também no Cairo, milhares se manifestaram contra os ataques aéreos ordenados por Tel Aviv.
AV/ dpa,afp,rtr,dapd
Revisão: Soraia Vilela