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Transgênicos dominam a Semana Verde

(am)16 de janeiro de 2004

A Semana Verde de 2004 abriu seus portões em Berlim. Este ano, o tradicional Mercado Mundial da Alimentação está dominado pela discussão em torno do plantio de transgênicos nos países da União Européia.

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Produtos poloneses na Semana Verde berlinenseFoto: AP

Transgênicos na agricultura: esta é a discussão dominante na Semana Verde (Grüne Woche) de Berlim, inaugurada na noite da quinta-feira pela ministra Renate Künast (Defesa do Consumidor e Agricultura) e que abriu seus portões ao grande público nesta sexta-feira (16/1). O Mercado Mundial da Alimentação, que se realiza todos os anos na capital alemã, conta desta vez com mais de 1500 expositores de 56 países. O evento prossegue até o dia 25 de janeiro.

A partir de abril, todos os produtos alimentícios que contiverem ingredientes transgênicos terão de trazer informação explícita sobre isso, de acordo com o regulamento decretado pela União Européia. De sua parte, o governo alemão elaborou um projeto de lei que permite o plantio, lado a lado, de produtos naturais e transgênicos. A ministra se vê confrontada, por isso, com a suspeita de ter-se curvado aos interesses agroindustriais.

Renate Künast não aceita a acusação: "É um fato que temos hoje em todo o mundo uma área de 60 milhões de hectares cultivados com produtos geneticamente modificados, com tendência a aumentar. Existe o risco de que os transgênicos sejam introduzidos sorrateiramente. Mas há também a possibilidade de estabelecer regras, para que outros produtores, que não querem plantar transgênicos, tenham uma chance real no mercado".

Limitação de área é inviável

Grüne Woche in Berlin Kuh
Vaca na escada rolante: Semana Verde de BerlimFoto: AP

Apresentado pela ministra como uma intervenção positiva para resguardar as chances da agricultura convencional, o projeto de lei é visto com grandes reservas pelos produtores de alimentos orgânicos. O presidente da Federação dos Produtores de Alimentos Orgânicos, Felix Prinz zu Löwenstein, põe em dúvida a viabilidade de manter os dois tipos de produção lado a lado.

Segundo ele, "o plantio concomitante de produtos transgênicos e convencionais não funciona como se fossem dois pulôveres distintos que se coloca lado a lado sobre uma mesa. Através do cruzamento de certas espécies e da mistura nas instalações de beneficiamento, os dois tipos de produtos serão mesclados. E não será possível restringir os produtos transgênicos a uma determinada área".

Fazendas inativas

Os agricultores alemães aproveitaram a abertura da Semana Verde para fazer um balanço de seus negócios. O tom geral é bastante pessimista. Em 2002, quase 400 mil propriedades com mais de dois hectares de terra cultivada faziam parte da Federação dos Agricultores Alemães, ou seja, quase 18 mil a menos que um ano antes. E, desde então, o número de agricultores ativos na Alemanha cai rapidamente, de ano para ano.

Redução de renda

À parte dos problemas estruturais e da concorrência estrangeira enfrentada pelo setor primário alemão, os fazendeiros queixam-se sobretudo de um novo fator negativo: a crise de consumo no país. O temor de um agravamento da crise econômica fez com que os consumidores alemães passassem a comprar muito menos e buscassem sempre os preços mais baixos. E a rentabilidade das fazendas caiu enormemente com o aviltamento do preço dos alimentos no mercado.

Bauernpräsident Gerd Sonnleitner Bauerntag
Gerd Sonnleitner, presidente da Federação dos Agricultores AlemãesFoto: AP

Segundo o presidente da Federação dos Agricultores Alemães, Gerd Sonnleitner, "as famílias gastam atualmente apenas uma média de 12,1% do seu orçamento com os produtos alimentícios. No final da década de 70, esse gasto representava quase 20% do orçamento familiar". Os produtores rurais do país tiveram "no ano fiscal de 2002/2003, uma redução de renda de 25%", diz Sonnleitner. A isso somaram-se os estragos provocados pelas enchentes de 2002 e pela seca extrema no verão de 2003.