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Trump retoma tom de campanha em comício na Flórida

19 de fevereiro de 2017

Presidente reitera que apresentará nova ordem executiva sobre migrantes e refugiados e cita Europa como exemplo de política equivocada. Em novo ataque à imprensa, afirma que ela é "parte do sistema corrupto".

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US-Präsdient Donald Trump ohne Krawatte in Melbourne
Trump (esq.) ao lado de simpatizante durante comício na FlóridaFoto: Reuters/K. Lamarque

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou neste sábado (18/02), na Flórida, que na próxima semana assinará uma nova ordem executiva sobre imigrantes e refugiados e que iniciará em breve a construção de um muro ao longo da fronteira com o México.

Num comício com tom muito semelhante aos que fez durante a campanha eleitoral, Trump falou para cerca de 9 mil simpatizantes em um hangar do Aeroporto Internacional de Orlando Melbourne. Ele também criticou a ordem de um juiz federal que suspendeu o decreto anterior, assinada em janeiro.

"Nós não vamos desistir. Vamos fazer algo nesta semana com o que, acho, vão ficar impressionados. Temos que manter nosso país seguro", afirmou, depois de anunciar que na próxima semana assinará uma nova ordem executiva sobre este tema.

O evento ocorreu no dia em que uma nova pesquisa, do Instituto Gallup, aponta que Trump, depois de um mês na Casa Branca, tem apenas 40% de aprovação popular, sendo este o menor índice da história para um presidente com esse tempo no cargo. No primeiro mês do mandato de Obama, em 2009, o ex-presidente tinha 64% de aprovação.

Em relação à imigração, ele voltou a citar a Europa como exemplo de uma política de segurança equivocada. Para ele, o grande fluxo de refugiados, principalmente de países muçulmanos, levou ao caos e ao aumento de ataques terroristas. "Olhem para a Alemanha, olhem para o que aconteceu na noite passada na Suécia. Suécia, vocês acreditam? Suécia. Eles entraram em grande número. Olhem para o que aconteceu em Nice e Bruxelas", afirmou.

O veto migratório imposto por Trump em 27 de janeiro foi bloqueado pela Justiça americana, que o considerou inconstitucional. O decreto proibia a entrada de cidadãos de sete países de origem muçulmana por 90 dias e de refugiados por 120 dias. Para sírios, o período era indeterminado.

No palco, o líder americano defendeu a necessidade da medida e até mesmo leu parte do decreto para explicar que sua motivação se baseou na proteção e segurança dos Estados Unidos.

Trump critica mais uma vez a imprensa

No mesmo discurso, Trump afirmou que "a Casa Branca está funcionando perfeitamente" e, logo em seguida, voltou a atacar os veículos de comunicação, prometendo continuar "ganhando deles", como nas primárias e na eleição presidencial.

"Apesar de todas suas mentiras, de suas tergiversações e suas falsas histórias, não puderam nos derrotar nas primárias e não puderam nos derrotar na eleição", disse Trump. "E continuaremos expondo-os pelo que são. E, mais importante, continuaremos ganhando, ganhando e ganhando."

Ele começou seu discurso com uma longa lista de críticas à imprensa após publicar na sexta-feira, em seu Twitter, que "os veículos de imprensa com notícias falsas", entre eles o jornal The New York Times e a emissora de televisão CNN, são "o inimigo do povo americano".

"Quero falar com vocês sem o filtro das notícias falsas. A mídia desonesta, que publicou uma história falsa atrás da outra, sem fontes... eles simplesmente não querem informar a verdade", disse. "A imprensa se tornou grande parte do problema. Eles são parte do sistema corrupto".

Ele acrescentou, ainda, que "Thomas Jefferson, Andrew Jackson e Abraham Lincoln, e muitos de nossos maiores presidentes, lutaram contra os veículos de imprensa e lhes chamaram a atenção frequentemente sobre suas mentiras".

Pouco antes do comício, vazou um trecho de uma entrevista na qual o senador e ex-candidato presidencial republicano John McCain afirmou que "os ditadores começam reprimindo a imprensa", em reação à polêmica mensagem no Twitter de Trump.

Projeto de substituição ao Obamacare em duas semanas

O presidente aproveitou o comício também para afirmar que apresentará em duas semanas a substituição de lei de saúde assinada em 2010 por Obama, conhecida popularmente como Obamacare. Trump reiterou que a reforma da saúde implementada por Obama será "revogada e substituída". "Nosso plano será muito melhor e com um custo mais baixo. Nada sobre o que se queixar", afirmou, insistindo que o Obamacare é um "desastre".

No dia 5 de fevereiro, Trump sugeriu que substituir a lei de saúde de 2010, uma de suas grandes promessas de campanha, será mais complicado que a reforma tributária e poderia se prolongar até 2018. Os republicanos que controlam o Congresso ainda não entraram em acordo sobre um plano para substituir a reforma da saúde de Obama, que deu cobertura a cerca de 20 milhões de pessoas.

FC/efe/lusa/afp/dw