Três idiomas para cada europeu
15 de novembro de 2004Alemães dão aulas para imigrantes. Quando Tien Duc Nguyen, da organização filantrópica Caritas, em Magdeburg, fala sobre seu projeto de “parcerias lingüísticas”, percebe-se seu orgulho. Afinal, Tien Duc não acreditava que sua idéia acabaria alcançando tamanho sucesso – "mesmo porque Magdeburg não é necessariamente uma cidade conhecida pela tolerância com estrangeiros”, diz o vietnamita.
No total, 30 pessoas se propuseram a dar aulas de alemão para imigrantes do Vietnã, Kosovo e Iraque. “O isolamento é um problema enfrentado pelos estrangeiros na Alemanha. Através do intercâmbio lingüístico, eles entram em contato com outras pessoas e aprendem, ao mesmo tempo, muito sobre a mentalidade e cultura alemãs”, fala Tien Duc, que vive no país há 27 anos.
Prêmio para imigrantes
A UE ficou tão impressionada com o projeto desenvolvido em Magdeburg, a ponto de outorgar ao vietnamita o Prêmio Europeu de Idiomas 2004 – no valor de mil euros – entregue durante a feira Expolingua, em Berlim. O concurso promovido em nível nacional acontece desde 1999, em 31 países. O lema de 2004 foi “Aprender idiomas e viver em conjunto – Oportunidades para adultos”, envolvendo a participação de projetos de integração de imigrantes.
“A escolha foi proposital, com o objetivo de salientar que este círculo de pessoas é parte da sociedade, precisa ser integrado e seu potencial precisa ser melhor aproveitado”, diz Andreas Piper, da Agência Nacional para Educação na Europa e um dos organizadores do concurso. “De qualquer forma, os imigrantes dominam pelo menos dois idiomas. Trata-se de incentivar o desenvolvimento deste potencial, integrá-lo ao mercado de trabalho e, claro, tirar proveito disso”, comenta Piper.
Só inglês não basta
O concurso deixa claro: o domínio de idiomas estrangeiros é cada vez mais importante na Europa, seja para os imigrantes ou para os próprios europeus. Para o exercício de determinadas profissões, falar outras línguas chega a ser uma condição primordial. Por isso, a Comissão da UE estabeleceu uma meta relativamente ambiciosa: a de que todo cidadão europeu deverá dominar três idiomas.
“No futuro, será preciso falar várias línguas e não apenas inglês, para se comunicar bem dentro da União Européia”, lembra Piper. Afinal, o bloco engloba nada menos que 25 países. “É simplesmente muito importante saber falar a língua do vizinho, principalmente quando se vive em regiões de fronteira”, conclui.
Alemanha: posição mediana no ranking
Até agora, apenas países pequenos como Luxemburgo ou Finlândia conseguem satisfazer as exigências da UE. Na Alemanha, 50% dos cidadãos falam outra língua, o que coloca o país numa posição mediana no ranking europeu.
Katarina Stefan, de 21 anos, é uma exceção. Além do alemão, sua língua materna, a estudante de Letras (anglo-germânicas e eslavas) fala inglês e russo. “Passei um ano na Inglaterra. Agora quero ir para a Rússia, para melhorar ainda mais meus conhecimentos”, conta Katarina, ciente de que as línguas eslavas não fazem parte do repertório básico de muitos alemães. Ou seja, dominar uma delas pode ser um bom trunfo no mercado de trabalho europeu de 25 países.