Tunísia confirma participação de terceira pessoa em ataque
22 de março de 2015O presidente da Tunísia, Beji Caid Essebsi, confirmou neste domingo (22/03) o envolvimento de uma terceira pessoa no atentado ao Museu Nacional do Bardo, na capital Túnis, que causou a morte de 23 pessoas, incluindo 20 turistas estrangeiros, e deixou dezenas de feridos.
Em entrevista realizada no museu, palco do ataque terrorista que chocou o país, Essebsi disse que o terceiro suspeito continua foragido. Os outros dois atiradores foram mortos no confronto com policiais, logo após o atentado.
"Com certeza foram três, porque eles foram identificados e filmados pelas câmeras de segurança. Dois já foram mortos e um está foragido. Mas, de qualquer maneira, ele não irá muito longe", afirmou o presidente à imprensa.
O ministério do Interior da Tunísia divulgou no sábado as imagens do atentado. O vídeo de um minuto mostra dois homens caminhando pelo museu, carregando armas e bolsas. Em determinado momento, eles encontram outro homem que descia as escadas. Brevemente se reconhecem, antes de seguirem em direções opostas.
O governo disse que os dois atiradores foram treinados em campos jihadistas, na Líbia. O grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) assumiu a responsabilidade pelo atentado, mas em redes sociais um braço da Al Qaeda também reivindica a autoria do ataque.
Falhas de segurança
Desde o ataque, autoridades tunisianas prenderam mais de 20 militantes suspeitos. De acordo com o porta-voz do Ministério do Interior Mohamed Ali Aroui, dez deles estão, provavelmente têm envolvimento direto no atentado. "Há uma grande campanha contra os extremistas", assegurou.
No sábado, Essebsi admitiu, em uma entrevista à revista francesa Paris Match, que falhas de segurança facilitaram o ataque. Segundo o presidente, a polícia e as forças de segurança "não estavam organizadas o suficiente para garantir a segurança do museu".
Essebsi, porém, ressaltou que as forças de segurança "responderam de forma muito eficaz, para rapidamente pôr fim ao ataque no Bardo", evitando "dezenas de outras mortes, caso os terroristas tivessem sido capazes de detonar os cintos explosivos que carregavam".
Segundo o presidente, mais de 10 mil jovens tunisianos se tornaram jihadistas. "Em meio ao desespero juvenil com o desemprego, a chamada do jihadismo funcionou. Aproximadamente 4 mil tunisianos se uniram ao jihad na Síria, Líbia e outras regiões. Cerca de 500 retornaram ao país e representam uma ameaça."
Maior ataque no país
O atentado terrorista ao museu na capital tunisiana levou as autoridades a determinar o envio de tropas do Exército às principais cidades do país, com receio de que sejam desencadeados novos ataques. Entre os mortos havia estrangeiros, provenientes do Japão, Espanha, Colômbia, Austrália, Bélgica, França, Polônia, Itália e Reino Unido.
O ataque é o maior no país desde 2002, quando um homem-bomba da Al Qaeda matou 21 turistas estrangeiros numa sinagoga na ilha turística de Djerba. É também o episódio de maior violência na Tunísia desde os levantes que derrubaram o ditador Zine el-Abidine Ben Ali, em 2011.
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