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Ucrânia diz ter concluído retirada de civis de siderúrgica

7 de maio de 2022

Últimas mulheres, crianças e idosos foram evacuados da instalação industrial em Mariupol, que está cercada pelos russos. Moscou estima que 2.000 combatentes, que resistem a se render, continuam no local

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Homem de cabelos brancos e carregando sacos caminha em meio a soldados
Homem que estava abrigado em Azovstal é encaminhado para centro de recepçãoFoto: Alexei Alexandrov/AP/dpa/picture alliance

A vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, afirmou neste sábado (07/05) que todos os civis que estavam abrigados na siderúrgica de Azovstal, em Mariupol, no leste do país, foram retirados do local.

A instalação industrial conta com uma vasta rede de túneis e bunkers no subsolo, para onde combatentes e civis ucranianos fugiram à medida que o cerco russo à cidade aumentava. Moscou assumiu o controle de Mariupol em 21 de abril, menos da siderúrgica, que segue como foco de resistência.

"Hoje, conseguimos retirar 50 mulheres, crianças e idosos de Azovstal. Amanhã pela manhã, continuaremos com a operação de evacuação", disse Vereshchuk por meio de mensagem no Telegram. "Essa parte da operação humanitária de Mariupol foi concluída."

Segundo Vereshchuk, os trabalhos foram complexos e houve "violações constantes" do pacto de cessar-fogo por parte das forças russas, que seguem combatendo a resistência ucraniana na siderúrgica.

O comboio para retirar os refugiados da siderúrgica "se viu obrigado a permanecer perto de Azovstal durante todo o dia", já que houve "confrontos e outras provocações". A operação, segundo a vice-premiê, "foi extremamente lenta", e o destino dos evacuados será a cidade de Zaporíjia, para onde já tinham sido levados a maioria dos retirados da fábrica.

"Foi cumprida a ordem do presidente [Volodimir Zelenski]: todas as mulheres, crianças e idosos foram evacuados de Azovstal", afirmou ela.

Rendição difícil

Cerca de 2.000 combatentes ucranianos, segundo a estimativa mais recente da Rússia, seguem escondidos na siderúrgica.

Kateryna Prokopenko, cujo marido, Denys Prokopenko, comanda as tropas do Batalhão Azov dentro da siderúrgica, lançou um apelo desesperado para que os combatentes também fossem poupados. Ela disse que eles estariam dispostos a ir para um terceiro país esperar o fim da guerra, mas que nunca se renderiam à Rússia porque isso significaria "campos de detenção, prisão, tortura e morte". Se nada for feito para salvar seu marido e seus homens, eles "ficarão até o fim sem se renderem", disse.

Vista aérea da siderúrgica
Siderúrgica conta com uma vasta rede de túneis e bunkers no subsoloFoto: AP/dpa/picture alliance

Na noite de sexta-feira, Zelenski afirmou em um discurso em vídeo que estava envolvido em negociações diplomáticas para salvar os combatentes que seguem na siderúrgica. "Intermediários influentes estão envolvidos, países influentes", afirmou sem dar mais detalhes.

Neste sábado, o órgão do governo ucraniano responsável pela reintegração de territórios ocupados temporariamente emitiu um apelo para que a organização Médicos Sem Fronteiras organize uma missão para evacuar os combatentes ainda no local e oferecer atendimento médico aos feridos. "Eles estão por 72 dias seguidos sob constante bombardeios e ataques do exército russo (...) Neste momento há falta de remédios, água e comida, e soldados feridos estão morrendo por causa de gangrena e sépsis."

Algumas das pessoas retiradas da siderúrgica falaram sobre os horrores de estar cercado pela morte no bunker bolorento, subterrâneo, com pouca comida e água e cuidados médicos precários. Alguns disseram que se sentiram culpados por deixar outros para trás.

"As pessoas literalmente apodrecem como nossos casacos", disse Serhii Kuzmenko, 31 anos, que fugiu com sua esposa, a filha de 8 anos e outros quatro de seu bunker, onde outros 30 foram deixados para trás. "Eles precisam muito de nossa ajuda. Nós precisamos tirá-los de lá."

Expectativa sobre Dia da Vitória

O combate pelo último reduto controlado por militares ucranianos em uma cidade reduzida a ruínas por Moscou fica cada vez mais tenso em meio à especulação de que o presidente russo, Vladimir Putin, queira encerrar a batalha por Mariupol para poder apresentar um triunfo à população de seu país na guerra da Ucrânia a tempo do Dia da Vitória, no 9 de maio, segunda-feira, o maior feriado patriótico do calendário russo.

Com a aproximação da data que comemora a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, cidades de toda a Ucrânia se prepararam para um aumento dos ataques russos, e autoridades ucranianas exortaram os moradores a prestarem atenção aos avisos de ataques aéreos.

"Essas datas simbólicas são para o agressor russo como o vermelho para um touro", disse o primeiro vice-ministro do Interior da Ucrânia, Yevhen Yenin. "Enquanto todo o mundo civilizado se lembra das vítimas de terríveis guerras nesses dias, a Federação Russa quer desfiles e se prepara para dançar sobre ossos em Mariupol."

bl (AFP, Reuters, EFE)