Dejetos radioativos
3 de novembro de 2010O comissário da União Europeia (UE) para assuntos de Energia, o alemão Günther Oettinger, quer que os países do bloco se comprometam a uma solução definitiva para a eliminação do lixo nuclear.
Para tal, ele se apoia em uma nova diretriz da UE que prevê, até 2015, a apresentação de um cronograma detalhado e vinculativo sobre a construção de depósitos permanentes para os dejetos nucleares provenientes de usinas, hospitais e estabelecimentos de pesquisa.
Os Estados-membros têm liberdade de decidir onde e até quando os depósitos serão construídos. No entanto um cronograma é uma forma de exercer a pressão necessária para que essa tarefa mais do que urgente seja finalmente posta em prática, comentou Oettinger nesta quarta-feira (03/11), ao apresentar um respectivo projeto de lei em Bruxelas.
Exportação de lixo e custos dos transportes
Embora a primeira usina termonuclear europeia tenha entrado em funcionamento há 50 anos, no Reino Unido, o continente não dispõe até hoje de depósitos permanentes para o lixo nuclear.
Até agora, somente a França, Suécia e Finlândia têm planos concretos para a entrada em operação de depósitos definitivos até 2025. A Alemanha, Reino Unido e Bélgica também fazem grandes progressos, constatou a Comissão Europeia.
No entanto, atualmente, os 7 mil metros cúbicos de resíduos altamente radioativos provenientes, a cada ano, das 143 usinas de países-membros da UE são depositados em instalações provisórias.
Essas, porém, não são suficientemente equipadas contra perigos como terremotos ou quedas de aviões. A Comissão Europeia considera os depósitos geológicos a grande profundidade como a única opção.
Transparência e padrões de segurança
Oettinger informou que a UE quer proibir ainda a prática de exportar o lixo para países fora da Comunidade Europeia. Pois, de outro modo, é grande o perigo de que os dejetos radioativos acabem em terceiros Estados, onde não há transparência e os padrões de segurança são menos abrangentes.
As operadoras de energia nuclear deverão arcar com o financiamento dos transportes até os depósitos finais. A Comissão da UE calcula que esses gastos perfaçam de 3% a 4% do custo total de produção da energia, ou 0,14 a 0,16 centavo de euro por kilowatt/hora. Um cofinanciamento estatal só pode ser cogitado em caráter complementar, antecipou Oettinger.
AV/rtr/afp
Revisão: Carlos Albuquerque