Um ano a ser esquecido pela seleção alemã
21 de novembro de 2018Ainda no primeiro trimestre de 2018, poucos meses antes da Copa do Mundo na Rússia, diversas enquetes foram realizadas pela mídia na Alemanha com o objetivo de saber quais são as expectativas da torcida quanto ao desempenho da Mannschaft no Mundial.
Para a maioria, os comandados por Joachim Löw chegariam pelo menos à semifinal, e 25% até achavam que a Alemanha poderia conquistar o seu segundo título consecutivo, repetindo os feitos da Itália (1934 e 1938) e do Brasil (1958 e 1962). Pouca gente imaginava que a então campeã mundial poderia ser eliminada já na fase de grupos – o percentual dessa turma pessimista, dependendo do levantamento, girava de 3% a 5%.
Mesmo após o inesperado adeus ao sonho do título, o torcedor alemão continuou confiando na pronta recuperação germânica já na Eurocopa de 2020: de acordo com levantamento feito pela cadeia de TV pública ARD, 77% manifestaram certeza de que a Alemanha daria a volta por cima nesse torneio.
Curiosamente não foi feita nenhuma pesquisa junto aos fãs do futebol sobre a recém-inventada Nations League, ou Liga das Nações da Uefa. Já no sorteio, a Alemanha foi abandonada pela sorte. No seu grupo teve que encarar a campeã mundial França e a renovada Holanda. Se deu mal e acabou em último lugar no grupo, somando apenas dois pontos com duas derrotas e dois empates.
Não bastasse mais esse vexame, na próxima edição da competição, em 2020, a seleção alemã vai ter que se contentar em disputar a Liga B, uma espécie de segunda divisão do futebol europeu. Trocando em miúdos: não disputará o título. O máximo que poderá almejar é voltar para a Liga A. Para tanto, vai precisar ficar em primeiro lugar no seu grupo.
Muito já se falou e se escreveu sobre este desastrado ano da Mannschaft, e cada vez mais vozes clamam por uma renovação de ponta a ponta, não apenas no time, mas também na própria comissão técnica.
Para dizer a verdade, a renovação do time já começou, ainda que lentamente. Contra Rússia e Holanda, por exemplo, taticamente a Alemanha jogou inusitadamente no sistema 5-2-3, com ênfase na velocidade e constante troca de posicionamento do jovem trio ofensivo formado por Sané, Werner e Gnabry. Enquanto os três estavam em campo, a equipe rendeu bem. Quando foram substituídos, o rendimento caiu vertiginosamente.
Especialmente no jogo com a Holanda esse aspecto ficou mais do que evidente. Até os 25 minutos do segundo tempo, vencendo por 2 a 0, o jogo estava sob controle dos alemães. Nos dez minutos seguintes, Löw substituiu a molecada por Reus, Müller e Goretzka. O resultado foi que as ações ofensivas germânicas se tornaram escassas, além de ineficazes.
A Holanda se aproveitou dessa inoperância e se lançou ao ataque. O resultado não demorou a chegar: em cinco minutos, os "oranges" empataram a partida, contando ainda com a desconcentração da confusa defesa alemã. De quebra, a Holanda se tornou campeã do grupo, desbancando a França, e vai disputar o primeiro título de campeão da Liga das Nações, com Suíça, Portugal e Inglaterra.
No que diz respeito à comissão técnica dirigida por Löw, pode-se afirmar com alto grau de certeza que não há mudança à vista até a Eurocopa 2020. O treinador já percebeu que o processo de rejuvenescimento do elenco é irreversível. Os campeões mundiais de 2014 remanescentes no elenco, especialmente aqueles na faixa dos 30 anos de idade, deverão ceder seus lugares à uma nova geração que reivindica um protagonismo mais atuante no futuro imediato.
De todo modo, 2018 foi um ano frustrante para a Mannschaft. A seleção alemã foi eliminada precocemente de duas competições. Dos sete jogos oficiais disputados, empatou em dois, perdeu quatro e ganhou apenas um. Começou o ano como primeira no ranking da Fifa e agora está em décimo lugar. Foi o pior ano da história do futebol alemão. Motivo suficiente para a torcida alemã esquecer o malfadado 2018 e voltar seus olhares para o ano que vem, quando a Alemanha disputará as eliminatórias da Eurocopa 2020.
Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. Siga-o no Twitter, Facebook e no site Bundesliga.com.br
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