Um centro de paz e democracia
3 de outubro de 2003Um ano após a fundação do centro, por iniciativa do governo federal alemão e do Parlamento, seu direitor, Winfried Kühne, traça um balanço positivo das atividades. Já receberam formação em Berlim 79 civis que participam de missões da União Européia ou da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Até o fim do ano, o número de observadores alemães em eleições saltará para 500.
Cursos práticos
O ZIF concentra sua atividade na formação de pessoal civil para missões de paz, realizando cerca de 25 cursos de treinamento por ano. "Não se trata de nenhum curso acadêmico, tudo é voltado para a prática", expôs à DEUTSCHE WELLE. Os participantes aprendem, por exemplo, como funcionam as missões de paz, quais são as suas bases legais e a que devem se ater. "Mas também têm que saber dirigir um veículo com tração nas quatro rodas e como lidar com minas antipessoas. Igualmente importante é o treinamento de segurança e o que fazer em caso de seqüestro", afirma.
As funções exercidas por civis são várias: administradores, encarregados de direitos humanos, mediadores em processos de paz e técnicos de realização de eleições. Para participar de uma missão internacional é preciso especialização, falar inglês, possuir experiência profissional e no exterior. Mas do que mais necessita é competência social e intercultural ou, trocado em miúdos, saber como lidar com gente.
Prevenção de conflitos: objetivo realista
Os países bálticos, onde vivem muitos russos, e a Macedônia são bons exemplos do trabalho de prevenção de conflitos, na avaliação do ex-secretário-geral da OCDE, Wilhelm Höynck. Ao mesmo tempo, ele que preside o conselho do centro, ressalta que o impulso decisivo tem que partir do próprio país a ser estabilizado.
"Prevenção de conflitos é um objetivo realista. Mas aprendemos também, nos últimos dez anos, que devemos nos tornar mais realistas no que diz respeito ao que é possível ser feito e o que não é. Como também sabemos que há crises que não podem ser solucionadas apenas através de meios civis", afirmou à DEUTSCHE WELLE.
Isso explica porque as Forças Armadas e a Polícia Alemã também desempenham um importante papel. Atualmente 8.500 soldados alemães participam de seis missões internacionais. "Primeiramente são os soldados que entram em ação para garantir a segurança local, a fim de que se possa realizar o trabalho institucional e de reconstrução política, ou para que as organizações de ajuda humanitária possam iniciar sua atividade", observa o general Friedrich Riechmann, que comanda as missões internacionais nas Forças Armadas alemãs.
Trabalho também para policiais
Não é raro os soldados desempenharem tarefas civis, como no Kosovo, na ex-Iugoslávia, onde se ocuparam dos prisioneiros de guerra, ou então assumirem tarefas de manutenção da ordem pública até a chegada de policiais. Não apenas soldados como também policiais alemães participam das missões de paz e restabelecimento da democracia.
Atualmente há 450 policiais alemães em missões no Kosovo e na Bósnia. As próximas missões serão na Geórgia e em Cabul, a capital do Afeganistão, onde os alemães cuidarão da formação e do equipamento da polícia local.
Observando os começos da democracia
Nos próximos meses também serão realizadas eleições na Rússia, no Azerbaidjão, na Albânia, Geórgia, Guatemala e em Moçambique. Cerca de 200 observadores estão sendo escolhidos. A professora universitária Kirsten Westphal, experiente nesse aspecto, será enviada à Guatemala. Na sua opinão, a observação vai muito além de se controlar que as urnas estejam vazias no início do pleito e se a mesma pessoa não vota mais de uma vez.
O processo é mais longo, segundo Kirsten: "Observa-se desde a campanha. Depois o dia da votação, principalmente a transmissão dos resultados, o cômputo dos votos, como são tratadas as queixas de irregularidades, enfim, tudo até que os políticos assumam o mandato".