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Variante do coronavírus de Nova York preocupa especialistas

2 de março de 2021

Com mutação igual à identificada nas variantes do Amazonas e da África do Sul, cepa nova-iorquina pode ser resistente a vacinas. Mais estudos, porém, são necessários para comprovar hipótese.

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Pacientes com covid-19 em macas em hospital de Nova York
Nova York foi uma das cidades mais atingidas na primeira onda da pandemiaFoto: Imago Images/ZUMA Wire/M. J. Lugo

Uma nova variante do coronavírus detectada em Nova York tem preocupado especialistas e autoridades. A nova cepa contém a mesma mutação identificada nas variantes do Amazonas e da África do Sul que possivelmente as torna mais resistentes a vacinas contra a covid-19.

Anthony Fauci, maior autoridade americana em questões epidemiológicas e assessor do presidente Joe Biden, declarou nesta segunda-feira (01/03) que ele e sua equipe estão estudando a fundo a variante detectada em Nova York.

"Levamos a variante de Nova York, a 526, muito a sério", declarou Fauci em entrevista coletiva da equipe da Casa Branca encarregada de responder à pandemia da covid-19.

A variante B.1.526 surgiu em novembro e desde então se espalhou pela cidade de Nova York. Agora, responde por cerca de 25% das infecções, embora os casos tenham começado a diminuir nas últimas semanas na maior parte da cidade.

De acordo com Fauci, a cepa possivelmente teve origem no bairro de Washington Heights, de maioria dominicana, e da região se espalhou para outras áreas da cidade durante o período de férias, no final do ano passado. O epidemiologista afirmou que a comunidade científica pouco sabe sobre a variante 526 e que é necessário monitorá-la muito de perto.

Nova York foi uma das cidades mais atingidas na primeira onda da pandemia de covid-19 nos Estados Unidos, há cerca de um ano.

O que se sabe sobre a variante

Fauci afirmou que a variante de Nova York é preocupante, pois há indícios de que ela seja resistente a tratamentos com anticorpos administrado em paciente infectados. A cepa seria ainda capaz de escapar de anticorpos gerados pelas vacinas contra a covid-19 existentes.

De acordo com um relatório do Departamento de Saúde de Nova York, a variante possui a mesma mutação E484K identificada nas cepas brasileira e sul-africana, assim como uma alteração chamada S477N, que ajuda o vírus a se ligar com mais forças às células quando entra em alguma delas. Além destas duas mutações, a variante apresenta a mutação D235G, que reduz a eficácia de anticorpos neutralizantes.

"A combinação de E484K ou S477N com a mutação D235G pode conferir um escape imunológico e aumentar o número de casos de covid-19 associados a esses variantes", diz o relatório, acrescentando que mais estudos são necessários.

Autoridades pedem calma

A epidemiologista Wafaa El-Sadr, da Universidade Columbia, afirmou em entrevista à emissora alemã ARD que, apesar das preocupações, mais estudos são necessários para confirmar se a variante de Nova York realmente é mais resistente a vacinas. Por isso, não há ainda motivo para pânico.

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, pediu calma à população. "Enquanto não ficar comprovado que as vacinas são ineficazes contra essa variante, não devemos temer o pior", ressaltou.

Além da variante B.1.526, as autoridades sanitárias dos EUA estão monitorando a propagação das variantes P1, descoberta no Amazonas; da B.1.1.7, detectada no Reino Unido; da B.1.351, identificada na África do Sul; e da B.1.427/429, descoberta na Califórnia.

cn/lf (EFE, AP, Reuters, ots)