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Zimbábue absolve caçador envolvido em morte de leão

11 de novembro de 2016

Denúncia contra o organizador da caçada que matou Cecil, em julho de 2015, é arquivada por falta de provas. Ninguém foi punido pela morte do animal, que causou onda de indignação.

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Conhecido pela juba preta, leão Cecil era um símbolo do ZimbábueFoto: picture-alliance/dpa/Zimbabwe Parks And Wildlife Mana

A Justiça do Zimbábue arquivou na quinta-feira (10/11) a acusação contra o caçador Theo Bronkhorst, envolvido na morte do leão Cecil. Em julho de 2015, ele organizou a expedição em que o dentista americano Walter Palmer matou o animal.

Segundo a advogada do zimbabuano, Perpetua Dube, a acusação foi arquivada pela corte de Harare por falta de provas. "O tribunal disse que a acusação tem falhas e que, por isso, deveria ser posta de lado", declarou a defensora do caçador nesta sexta-feira (11/11).  Bronkhorst, que até então era acusado pelo crime de caça ilegal, não irá mais a julgamento. Nem ele, nem nenhum outro envolvido.

A morte do leão Cecil comoveu o mundo e provocou uma onda de indignação. Em julho de 2015, Bronkhorst organizou uma caçada nas proximidades do Parque Nacional Hwange, no Zimbábue. Um dos participantes era Walter Palmer, um americano do estado de Minnesota, que trabalhava como dentista e praticava caça de grandes mamíferos como hobby. Palmer fazia viagens a lugares considerados exóticos com frequência para caçar.

Na época, Cecil tinha 13 anos e chamava a atenção pela juba preta. Era considerado um símbolo nacional e  uma das principais atrações do parque. Além disso, fazia parte de um projeto de pesquisa conduzido pela Universidade de Oxford e usava uma coleira especial, para que pudesse ser rastreado.

No dia da caçada, os caçadores usaram uma isca para tirar Cecil de dentro da área do parque, que não é limitada por qualquer barreira física, como cercas ou arames farpados.  Segundo investigações da Força-Tarefa para Conservação do Zimbábue (ZCTF, na sigla em inglês), Palmer e Bronkhorst amarraram um animal morto num veículo para atrair Cecil para fora da reserva – onde a caça é proibida.

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A morte de Cecil provocou a revolta de defensores de animaisFoto: Paula French via AP

Palmer atirou em Cecil com arco e flecha, mas o animal sobreviveu e fugiu. Cerca de 40 horas depois, os caçadores localizaram novamente o leão e executaram-no com um tiro.  Ainda de acordo com a ZCTF, tentaram, sem sucesso, arrancar e esconder a coleira de rastreamento usada pelos pesquisadores de Oxford. Na tentativa, o leão teve a cabeça e pele arrancadas.

A Justiça do Zimbábue não processou Water Palmer, já que ele tinha autorização para caçar legalmente no país. O dentista pagou cerca de 50 mil dólares pela licença. O americano alegou que contratou guias profissionais que diziam ter as autorizações necessárias para a caça no local. Esses guias era os zimbabuanos Theo Bronkhorst e o fazendeiro local Honest Ndlovu. Nenhum deles tinha licença ou justificativa para abater o leão Cecil.

 "Lamento profundamente que o exercício de uma atividade que eu amo e pratico de forma responsável e legal tenha resultado na morte deste leão", declarou Palmer em comunicado, na ocasião do crime. "Não tinha ideia, até o fim da caça, de que o leão que abati era conhecido, tinha um colar (de rastreamento) e fazia parte de um estudo científico.”

Apesar de ter se livrado do processo judicial, o dentista americano teve de enfrentar a ira e revolta de defensores de animais no mundo todo. As desculpas não foram bem vistas pela sociedade, e as críticas a Palmer chegavam de todos os lados. Na época, o dentista teve de deletar suas contas nas redes sociais e fechou o consultório onde atuava como dentista.

Com o arquivamento da acusação contra Bronkhorst, nenhum dos caçadores envolvidos na morte de Cecil será punido.

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NT/lusa/dpa/afp