A África do Sul a um passo de perder a liderança no continente
19 de junho de 2012Na opinião do economista sul-africano Mike Schuessler, a África do Sul está numa encruzilhada. Em 2001, pouco mais de cinco milhões de pessoas queriam trabalhar e não havia.
"Naquela época, o governo disse que queria reduzir este número pela metade. Mas desde então, o volume de desempregados não caiu pela metade, mas sim aumentou 50%", revela o economista.
Alto índice de desemprego
Em todo o país, já são 7,7 milhões de desempregados. Na África do Sul, há mais desempregados que trabalhadores. Estes são 7,3 milhões de pessoas. O governo no poder na África do Sul, liderado pelo Congresso Nacional Africano (ANC), sabe que isso é a receita ideal para o desastre e para uma revolução.
De acordo com Sven Luenschem, porta-voz da empresa exploradora de ouro Goldfields, o programa econômico governamental dá mais atenção àqueles que já tem trabalho que para os que não têm emprego.
"Os sindicatos são muito fortes e do ponto de vista econômico, com alto poder de influência. Deveriam ter menos poder, para que possamos ter mais vagas de trabalho, mesmo que não sejam tão bem pagos", avalia Luenschem.
Economia estagnada
O grande "boom" econômico esperado depois da Copa do Mundo, há dois anos, não se tornou realidade. Os chineses foram à África do Sul e também a empresa norte-americana Walmart.
As empresas automobilísticas alemãs, como a BMW, a Daimler e a Volkswagen investem na África do Sul porque a Alemanha dá incentivos como forma de promover o país do centro da Europa no exterior.
No governo sul-africano, socialistas e liberais sentados frente a frente parecem não se entender, como defende Max Gebhardt, redator-chefe interino da revista econômica Financial Mail. Para ele, o problema é que "cada um puxa a corda numa direção diferente, ninguém define o rumo".
Futuro incerto
A África do Sul está a um passo de perder a liderança entre os países que impulsionam a econômia no continente africano. Até 2020, a Nigéria e o Egito podem vir a ultrapassar a África do Sul. O país precisa aprender com o continente, acredita Mike Schuessler, e não o contrário - pois enquanto outros países granham investidores, na África do Sul cresce a insegurança.
O futuro da África do Sul está no norte do continente, acreditam especialistas. O país tem os serviços para oferecer: setor financeiro forte, engenheiros, conhecimento e, ao contrário do restante do mundo, não tem medo de investir no continente.
A África do Sul é porta de entrada para um continente em ascensão, mas antes disso, é preciso que decida tomar o rumo certo, defende otimista Mike Schüssler. "A África do Sul tomará o rumo certo, mas acredito que os próximos 5 a 10 anos serão bem difíceis para o país" afirma. "Agora, não investiria meu dinheiro na África do Sul", completa o economista.
Autores: Claus Stäcker/Bettina Riffel
Edição: Cris Vieira/António Rocha