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Tentativa de assassinato de Dhlakama é contraditória

Nádia Issufo19 de maio de 2015

Os observadores das negociações entre a RENAMO e o Governo apelidam esta acusação de paradoxal e pouco consistente. A FRELIMO nega a tentativa de assassinato e considera-a uma tentativa de difamação.

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RENAMO-Führer Afonso Dhlakama
Foto: António Cascais

A acusação de tentativa de assassinato do líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, é pouco consistente, consideram os observadores das negociações entre o maior partido da oposição e o Governo da FRELIMO, em Moçambique. Para os observadores, este é o momento das jogadas decisivas e por isso a tensão política agravou-se, mas um novo conflito é algo que não se cogita.

“Quando Afonso Dhlakama foi a Chimoio, forças assassinas entenderam que ia até Satungira, então no troço de Gorongosa montaram emboscadas em cinco sítios, só que o Presidente Dhlakama não passou lá porque a agenda dele não o levava para esse caminho que eles pensavam”, relata António Muchanga, deputado e porta-voz da RENAMO.

José Pacheco, o chefe da bancada do Governo nas negociações com a RENAMO, disse à imprensa local que tudo isto não passa de uma ação de desinformação, calúnia e difamação, considerando que o maior partido da oposição faz acusações sem evidências.

Os observadores consideram que a acusação é um paradoxo, como comenta o porta-voz Lourenço do Rosário: “Nas movimentações do Presidente da RENAMO, ele é guarnecido pelas forças de segurança do Estado, portanto esta acusação é um pouco contraditória. Penso que isto é próprio do momento, uma vez que o discurso de ambos os lados está a endurecer e muitas vezes não corresponde à realidade. Neste momento, o Presidente da RENAMO está na província de Nampula, toda a gente sabe onde ele está, e sabe-se inclusivamente qual é o seu programa.”

Lourenço do Rosário Mosambik
Lourenço do Rosário é porta-voz dos observadoresFoto: DW/J. Carlos

"A RENAMO nunca falou em dividir o país"

Se por um lado a RENAMO faz acusações graves ao Governo, por outro o Presidente, Filipe Nyusi, vai endurecendo o discurso. Recentemente, num comício no centro do país, disse que em Moçambique não há espaço para regiões autónomas.

Reagindo a estas declarações, António Muchanga declara: "Nós nunca falámos de regiões autónomas nenhumas. Nós falámos em províncias autárquicas, portanto quando se fala de províncias autárquicas e de administração pública, e alguém refere a regiões autónomas, essa pessoa confunde autarquia provincial com região autónoma e é analfabeta em relação a essa matéria. Portanto Nyusi tem de ir estudar administração pública para governar melhor o país, porque a RENAMO nunca falou de regiões autónomas nem nunca falou em dividir o país. A RENAMO falou de uma autarquia provincial, porque essa é superior à distrital.”

António Muchanga
António Muchanga, porta-voz da RENAMOFoto: DW/Romeu da Silva

O impasse continua na ordem do dia, depois de mais de 100 rondas negociais. Os observadores já manifestaram o seu constrangimento face à situação.

Diante dos últimos acontecimentos envolvendo as duas partes, incluindo a reprovação do projeto de autarquias provinciais pelo Parlamento, Lourenço do Rosário, porta-voz do grupo dos observadores não tem dúvidas de que se regista um agravar da tensão política.

“Eu penso que isso em política é normal quando se está a preparar, digamos, uma fase de negociação direta. Esta é a interpretação que me parece ser mais plausível, e não propriamente que haja um espectro de guerra ou qualquer coisa parecida. Há provavelmente uma possibilidade de se encontrar o novo figurino do diálogo, então as pessoas precisam de tentar ganhar o máximo de pontos possível”, afirma Lourenço do Rosário.

O porta-voz do grupo dos observadores disse ainda que um encontro entre Afonso Dhlakama e Filipe Nyusi está a ser preparado e que ambas partes têm interesse num diálogo direto.

Mas, antes disso, os mediadores manifestaram cansaço diante do prolongado impasse e por isso sugeriram traçar primeiro um novo figurino para o diálogo, e mais tarde sugeriram passar o caso ao Parlamento com vista a uma solução mais rápida.

As sugestões já obtiveram reações, diz Lourenço do Rosário: “No diálogo de ontem houve um passo que me parece importante porque se criou uma comissão tripartida entre nós e as duas delegações para aprimorarem os parágrafos que estão a impedir a passagem. Além disso, houve o compromisso de ambas as delegações que aquilo que saísse desta reunião tripartida seria aprovado. Então já é um passo que me parece extremamente importante.”

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