Ativista português Mamadou Ba recebe prémio internacional
24 de novembro de 2021Nascido no Senegal, Mamadou Ba dedica-se ao ativismo antirracismo, como dirigente da organização SOS Racismo, em Portugal. É também membro fundador de várias organizações de defesa dos direitos humanos dos migrantes.
Autor de vários artigos em jornais, revistas e livros sobre racismo e direitos humanos, bem como orador em conferências sobre temas relacionados com a imigração, diversidade étnica e racismo, Mamadou Ba é uma das vozes mais destacadas do movimento antirracista em Portugal.
O ativista tem denunciado a proliferação de discursos de ódio nas redes sociais, na esfera pública e política e é, portanto, um alvo de ataques da extrema-direita e dos movimentos neonazistas em Portugal.
A distinção "aumenta a visibilidade da causa" e "significa que a luta antirracista em Portugal não está isolada e encontra eco fora de portas", destacou Mamadou Ba numa conferência de imprensa virtual realizada esta quarta-feira (24.11) para apresentar os premiados deste ano.
Alvo de ameaças
No início de 2020, o ativista recebeu uma carta com uma ameaça de morte e uma bala. Em fevereiro deste ano, tornou-se alvo de uma campanha de ódio depois de condenar a visibilidade e as honras de Estado concedidas ao tenente-coronel Marcelino da Mata no seu funeral. Considerado o oficial mais condecorado do Exército português, o militar de origem guineense é reconhecido por uns pela sua bravura e criticado por outros pelos crimes cometidos durante a guerra colonial.
Uma petição pediu a expulsão do ativista de Portugal e, desde junho, a sede do SOS Racismo, em Lisboa, já foi vandalizada duas vezes com cruzes suásticas e insultos racistas.
Mamadou foi membro do Conselho Permanente da Comissão Nacional para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (2015-2019), do Grupo de Trabalho para o Censo de 2021 e também membro do Fórum Permanente da Década Internacional dos Afrodescendentes. Atualmente, é membro do Grupo de Trabalho Nacional para a Prevenção e Luta contra a Discriminação Racial e do Comitê Diretivo da Iniciativa Equinox para a Justiça Racial.
Coragem e resiliência
Além de Mamadou Ba, outros cinco defensores dos direitos humanos foram distinguidos, incluindo Aminata FabbaChair, que luta pelo direito à terra na Serra Leoa e a brasileira Camila Moradia, que presta assistência a mulheres nas favelas do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro,
"A coragem e a resiliência dos ativistas são inspiradoras e demonstram a todos que um outro mundo é possível", disse o diretor-executivo da Front Line Defenders, Andrew Anderson, sobre os seis ativistas globais que foram laureados.
Os defensores premiados trabalham com questões de justiça racial, direitos habitacionais, direitos das minorias, proteção e defesa do ambiente e da terra, autodeterminação e direitos das pessoas com deficiência. Esses ativistas enfrentam diversas formas de assédio, intimidação, ameaças e detenções. O Prémio Front Line Defenders foi instituído em 2005.