Ativistas denunciam perseguições em Benguela
22 de junho de 2015Vários ativistas ligados ao denominado "Movimento Revolucionário" na província de Benguela queixam-se de uma constante perseguição das autoridades governamentais e sobretudo dos Serviços de Inteligência do Estado. Manuel Mateus, um dos membros do movimento, diz que a alegada perseguição está relacionada com a manifestação que realizaram a 27 de maio, em memória dos massacres de 1977 e em que exigiam o fim das perseguições e assassinatos políticos no país.
Segundo Manuel Mateus, recentemente, durante uma reunião, dois indivíduos armados tentaram raptar um dos seus companheiros.
"[Esse indivíduos] não se identificaram, só disseram que eram 'a autoridade' e, por isso, não podíamos fazer perguntas", afirma o ativista, mais conhecido por Max. "Houve uma troca de palavras. Os colegas foram ligando para outros indivíduos, para denunciar o caso. Eles depois sentiram-se um bocadinho envergonhados, foram recuando e puseram-se em fuga."
Ameaças de morte
Mateus revela ainda que tem sido alvo de ameaças de morte por parte de indivíduos supostamente pertencentes aos serviços secretos. Por mais de uma vez bateram à porta de sua casa, deixando recados intimidatórios à sua família e vizinhança.
Ainda assim, o jovem ativista mostra-se destemido: "A própria Constituição garante-nos este direito [de protestar]. Como diziam Cassule e Kamulingue, 'liberdade ou morte'. Isso também está connosco."
Detenções previstas?
Além disso, Manuel Mateus, residente no Lobito, conta que recentemente teria havido uma reunião do partido no poder na província, onde o responsável municipal do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Julião de Almeida, terá vaticinado a detenção de todos os integrantes do Movimento Revolucionário – antes de, pelo menos, 13 ativistas do grupo serem detidos no sábado (20.06), suspeitos de prepararem atos contra a ordem pública.
"Ele disse que tinha os nomes e que, em 2016 e 2017, teriam de ser apanhados e depois desaparecer, porque podiam trazer confusão para as eleições", diz o ativista.
As detenções, no período pré-eleitoral, serviriam para acautelar a adesão da população à causa do grupo de jovens que realizam manifestações anti-governamentais desde 2011.
Contactado pela DW África, o secretário do comité provincial do MPLA em Benguela, David Nahenda, recusou comentar o assunto.