Sudão aprova base naval russa no Mar Vermelho
13 de fevereiro de 2023"Eles responderam a todas as nossas preocupações, o acordo está 'ok' do ponto de vista militar", disse um dos dois responsáveis militares que falaram à agência de informação financeira Bloomberg, sob anonimato.
De acordo com estes responsáveis, o acordo está finalizado e aguarda a formação de um governo civil e de um corpo legislativo para ser ratificado, antes de entrar em vigor.
Nos últimos dias, a Rússia respondeu positivamente a alguns dos aspetos que os sudaneses queriam ver contemplados no acordo que permite a construção e operação de uma base naval no Mar Vermelho, incluindo a disponibilização de mais armas e equipamento militar.
Os militares contactados pela Bloomberg não deram mais pormenores sobre o acordo, que o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, disse na quinta-feira que faltava apenas a ratificação pelo Sudão.
Este país africano tem estado sem um parlamento desde que uma revolta popular depôs, com a liderança dos militares, o antigo ditador Omar al-Bashir, em abril de 2019, e tem estado mergulhado num caos político desde que um golpe militar, em outubro de 2021, interrompeu a transição para a democracia.
Rússia recupera presença naval
O acordo entre o Sudão e a Rússia foi conhecido em dezembro de 2021, e é parte dos esforços de Moscovo para recuperar uma presença naval regular em várias partes do mundo.
O acordo de construção e utilização de uma base naval no Mar Vermelho permitiria à Rússia ter até 300 tropas russas, e simultaneamente manter até quatro navios em simultâneo, incluindo de energia nuclear, no estratégico porto do Sudão, no Mar Vermelho.
Segundo o antigo chefe militar Viktor Bondarev, a base garantiria a presença militar russa no Mar Vermelho e no oceano Índico e faria com que não fosse necessário fazer longas viagens para chegar à região.
Em troca, a Rússia dará armas e equipamento militar nos próximos 25 anos, com prolongamentos automáticos por 10 anos se ambas as partes concordarem.
Em junho de 2021, o chefe militar do Sudão, o general Mohammed Othman al-Hussein, disse a uma televisão local que Cartum ia rever o acordo, e depois em fevereiro do ano passado houve reuniões entre as autoridades russas e o poderoso líder das forças paramilitares, Mohammed Hamdan Dagalo.
Regressado de uma semana na Rússia, o general disse que o país não tinha objeções a que a Rússia ou qualquer outro país tenha uma base naval no país, já que não coloca qualquer ameaça à segurança nacional do Sudão.
"Se qualquer país quer abrir uma base e é no nosso interesse e não ameaça a nossa segurança nacional, não temos nenhum problema com ninguém, russo ou seja de onde for", afirmou.