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Burundi acolhe milhares de refugiados congoleses

Friederike Müller-Jung | Antéditeste Niragira | Amida Issa | nn
5 de fevereiro de 2018

Milhares de refugiados fugiram para o Burundi depois de uma nova onda de violência na República Democrática do Congo (RDC). Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados elogia hospitalidade do país vizinho.

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Refugiados congoleses em RumongeFoto: DW/A. Niragira

Segundo dados das Nações Unidas, a violência na RDC levou mais de 8.000 pessoas a refugiarem-se no Burundi em poucos dias. A maioria dos deslocados procura ajuda na cidade de Rumonge, capital da província com o mesmo nome.

"Os burundienses estão a ajudar-nos, trazem-nos batata doce e milho para podermos comer. As condições são melhores aqui. Estou muito grato por esta hospitalidade", contou à DW África um dos congoleses que procurou abrigo na cidade.

Rumonge, com cerca de 36 mil habitantes, fica à beira do Lago Tanganica. Mas não está organizada para receber tanta gente, alerta Soufiane Adjali, membro do ACNUR no Burundi. "Não havia nenhuma preparação, nem indicação prévia do que se estava a passar na outra margem. De repente, as pessoas atravessaram o lago em barcos a remo ou em pequenas embarcações a motor", relata.

Condições difíceis

Os refugiados estão a ser distribuídos por abrigos temporários, como pavilhões escolares. Porém, a situação está no limite. Há pouco espaço e só há duas casas de banho para tanta gente.

Burundi acolhe milhares de refugiados congoleses

Uma jovem mulher congolesa que está alojada numa escola relata os momentos difíceis: "Ainda não dormi. Temos que nos deitar no chão. Não há tapetes, não há nada. Também não temos nada para comer."

O ACNUR e várias organizações locais do Burundi começaram a redistribuir os refugiados por outras províncias e a alojá-los em campos de refugiados construídos para albergar os burundienses que regressam paulatinamente da Tanzânia, depois dos confrontos que assolaram o país.

Crise no Burundi

A crise política que paralisou o Burundi durante mais de dois anos não acabou, mas pelo menos acabaram os confrontos. A violência teve início com a recandidatura do Presidente Pierre Nkurunziza a um terceiro mandato presidencial, apesar de constitucionalmente só estar autorizado a duas investiduras. Dezenas de protestos fizeram mais de 1.200 mortos e 400 mil deslocados.

Segundo Soufiane Adjali, o ACNUR tem estado a trazer de volta os cidadãos do Burundi que se refugiaram na Tanzânia, através destes campos de trânsito. Porém, a situação na RDC levou o país a suspender temporariamente essa repatriação para assim poder dar assistência aos refugiados congoleses.

"As pessoas ficam dois ou três dias em Rumonge. Conseguimos organizar 20 autocarros, com a ajuda do Comité Internacional de Resgate, e enviá-los para estes centros de trânsito", explica o responsável do ACNUR no Burundi. O Programa Alimentar Mundial (PAM) também forneceu comida, "por isso as organizações locais estão a preparar refeições quentes para os recém-chegados", acrescenta.