1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Costa do Marfim, o difícil regresso à normalidade

21 de abril de 2011

Há 2 semanas o novo presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, legitimamente eleito e reconhecido pela comunidade internacional, tomou conta do poder. Mas não se pode afirmar que o país voltou à normalidade.

https://p.dw.com/p/RJg7
Mesmo depois da prisão de Laurent Gbagbo, continuaram os incidentes e confrontosFoto: AP

Na capital Abidjan e na província, ainda não terminaram os confrontos entre os adeptos de Ouattar e do seu rival, o ex-presidente Gbagbo. Centenas de milhares de refugiados continuam a sobreviver em campos, aguardando uma oportunidade para voltarem às suas terras. O país ainda vive em caos.

O novo presidente pediu aos seus compatriotas que recomecem a trabalhar depois de terminada a luta pelo poder. Mas é difícil: falta gasolina e dinheiro.

Elfenbeinküste Unruhen Abidjan Rebellen
Nem todos os adeptos de Gbagbo entregaram as armasFoto: Elfenbeinküste Unruhen Abidjan Rebellen

Lojas e escritórios saqueados e pilhados

Por todo o lado se vêem casas destruídas e grupos de soldados que se recusam a entregar as armas. Charles Kouman é funcionário no ministério das finanças. Quando lá chegou, para recomeçar o seu trabalho, verificou que faltavam muitos dos seus colegas:

„As razões eram diversas. Muitos saíram ou fugiram de Abidjan. Foram roubados muitos automóveis. Depois há o problema da falta de gasolina. Mesmo os que têm carro, não conseguem vir para o emprego. Isto pode explicar a sua ausência. Quem conseguiu apanhar um táxi, veio trabalhar“.

Outro funcionário acrescenta:

„Para o trabalho recomeçar, é preciso que o governo pague os salários. Não há má vontade por parte das pessoas. Elas não podem vir, simplesmente porque não têm dinheiro“.

E os que vêm trabalhar, deparam por vezes com o pior…

„No escritório está tudo de pernas para o ar. Eles levaram tudo o que puderam, todas as máquinas de que nós precisamos para trabalhar, por exemplo os computatores“.

„É uma desgraça! Os danos materiais são enormes. E mesmo aquilo que ficou aqui, já não funciona, porque não há eletricidade“.

Não se sabe quem é que devastou e pilhou os escritórios e as lojas: se os adeptos do ex-presidente se os do novo. Provávelmente houve também bandos de ladrões que se aproveitaram do caos geral na cidade.

Flüchtlingslager in Primrose östlich von Johannesburg, Südafrika
Calcula-se que 250.000 pessoas fugiram das suas terras na Costa do Marfim e vivem agora em campos de refugiadosFoto: AP

O problema dos refugiados

Os refugiados também constituem um grande problema. Centenas de milhares de pessoas fugiram de Abidjan e de outras cidades, com medo dos combates. Os campos de refugiados estão super-lotados. Emery Kabugi, chefe do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas em Bouaké, no norte da Costa do Marfim, conta:

„Actualmente temos de alimentar aqui 42.000 pessoas. Estamos a identificá-las todas, para podermos ficar com uma ideia exacta do número de refugiados“.

…porque só assim é possível ajudar os refugiados, dando-lhe o auxílio mínimo. Surgem muitos problemas porque há pessoas que não fazem parte das listas daqueles que recebem alimentos. Isso provoca desespero e frustração, como por exemplo neste homem em Bouaké:

„Estou aqui desde manhã e dizem-se que o meu nome não consta da lista. O que é que eu hei-de fazer?“

Um outro problema são as inúmeras crianças que se encontram nos campos. As Nações Unidas, através da Unicef, tentam inscrevê-las nas escolas locais e fornecer-lhes material escolar. Mas é uma tarefa imensa.

Flash-Galerie WM Fans Elfenbeinküste
Os habitantes da Costa do Marfim esperam agora um futuro melhor. Na foto, adeptos daquele país num jogo amigável com a Alemanha em 2009, em Gelsenkirchen, na Bacia do RuhrFoto: picture alliance/dpa

Autor: Dirke Köpp / Carlos Martins

Revisão: António Rocha

Saltar a secção Mais sobre este tema